Tudo sobre o reskilling, a estratégia para o futuro do trabalho

Reskilling se refere ao desenvolvimento de novas competências profissionais para capacitação a um novo trabalho ou função

O termo reskilling surgiu em resposta a uma mudança no ambiente de negócios com a utilização de dados e tecnologia digital pelas empresas. 

Este novo cenário transformou produtos, serviços e modelos de negócios, e para estabelecer uma vantagem competitiva, as organizações devem também transformar sua cultura e mentalidade corporativa.

Definido como um programa de requalificação para o ensino de novas habilidades, o reskilling é uma oportunidade que chama a atenção das empresas e profissionais. 

Uma coisa é certa: a qualificação é um benefício procurado pelos melhores talentos, o que faz do reskilling uma estratégia poderosa de atração de talentos. O fato confirmado pela pesquisa da Gallup feita com cerca de 15 mil profissionais dos EUA.

No estudo, 48% relatam que mudariam de emprego se fossem oferecidas oportunidades de treinamento de habilidades. E 65% acreditam que o treinamento fornecido pela empresa é muito importante ao avaliar uma nova oportunidade profissional.

O que é reskilling?

A palavra em inglês reskilling significa “requalificação” (rawpixel.com | Freepik)

Reskilling é uma forma de reciclagem, ou seja, as empresas podem alocar um trabalhador em outra função para a qual não há candidatos com perfil adequado às suas necessidades. 

Portanto, com base na experiência anterior e no conhecimento sobre a empresa que possui, essa pessoa será capacitada para agregar novas habilidades e competências que lhe proporcionem o extra necessário para o desempenho de suas novas funções.

Assim, o termo Reskill se refere ao desenvolvimento de novas competências profissionais para capacitação a um novo trabalho, sobretudo em resposta à digitalização da sociedade e a transformação digital corporativa. 

Este conceito ganhou destaque depois que foi adotado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) como parte do projeto Reskilling Revolution, lançado em 2020. 

O objetivo é preparar a força de trabalho global até 2030 para os empregos que podem ser transformados pela tecnologia na próxima década. 

Desde então, as necessidades de requalificação para preparar trabalhadores para os empregos do futuro se tornaram um tópico importante de discussão para líderes de RH, uma vez que a tecnologia está mudando a maneira como as empresas criam e entregam seus produtos e serviços. 

Vantagens do reskilling

Num contexto de incerteza, as empresas precisam estar preparadas para se adaptar a novas realidades. 

Assim, profissionais e organizações que não conseguirem adequar seus conhecimentos e habilidades, em todos os sentidos, poderão ficar desatualizados em suas áreas de atuação.

As vantagens que mais se destacam com a aplicação do reskilling são: 

  • Aumento da produtividade com a digitalização e automatização de processos;
  • Facilita a transição de carreira e dá ferramentas para que os trabalhadores possam se reinventar;
  • Ajuda a empresa a alcançar seus objetivos de negócios;
  • Incentiva na reputação de marca, uma vez que as pessoas avaliam positivamente e valorizam a empresa;
  • Aumenta a vantagem competitiva;
  • Promove equipes versáteis e adaptáveis à mudanças;
  • Contribui na jornada da experiência do funcionário;
  • Aumenta a satisfação e a lealdade de talentos.

Atualmente os trabalhadores valorizam a empresa que os incentiva à formação e facilita o processo do seu desenvolvimento profissional. 

Em contrapartida, se esses talentos acreditam que suas carreiras estão estagnadas, vão procurar novos empregos para continuar crescendo profissionalmente. Portanto, garantir a estabilidade no emprego é também uma das mais importantes vantagens do reskilling.

Reskilling, upskilling e o futuro do trabalho

Enquanto o reskilling traz novas habilidades ao funcionário, o upskilling aperfeiçoa aquelas já existentes (Think Work)

Reskilling se refere ao desenvolvimento de um conjunto de habilidades para desempenhar uma função diferente da atual. Por outro lado, upskilling (qualificação) é quando uma pessoa está construindo um nível mais alto de competência para melhorar o desempenho na função atual.

Seja para qualificar ou requalificar, a realidade é que as organizações estão enfrentando a falta de habilidades relevantes que afetam os negócios em vários níveis, o que inclui a capacidade de inovar, as experiências do cliente e até mesmo o aumento nos padrões de qualidade de produtos e serviços. 

Líderes de RH relatam que estão enfrentando uma lacuna de habilidades para iniciativas estratégicas importantes da organização, como mostra uma pesquisa da Mckinsey.  

As descobertas desse estudo apontam que faltam talentos com competências para atender as tendências do mercado: 

  • 44% dos participantes dizem que suas organizações enfrentarão escassez de mão de obra nos próximos cinco anos;
  • 43% relatam que já estão enfrentando a falta de talentos com as hard e soft skills necessárias. 

Resumindo, quase todos os entrevistados (87%) dizem que contratar profissionais qualificados nos dias de hoje é um desafio porque os candidatos não estão preparados para as atender às novas demandas de mercado.

Vale destacar que tanto o upskilling como o reskilling são mais do que abordagens estratégicas para aumentar a eficiência, produtividade ou atrair e reter talentos. Eles abrangem também a transformação fundamental da estrutura de negócios da empresa.

Os objetivos do reskilling

O reskilling tem vantagens tanto para o funcionário quanto para a empresa (Think Work)

Embora a maioria das lideranças afirmem que suas organizações consideram lidar com a escassez de mão de obra qualificada, poucas são aquelas que conseguem identificar quais são os conhecimentos que a sua força de trabalho mais precisa para atender todas as áreas de negócios.

Não basta somente aplicar treinamentos para preencher as lacunas. Quer dizer, além de aplicar, é preciso entender que o primeiro objetivo do reskilling se concentra na transformação digital para tornar as mesmas pessoas, serviços ou produtos mais eficientes.

Certamente, os próximos objetivos envolvem algum tipo de melhoria e inovação nos processos, sem deixar de destacar, é claro, a mudança na cultura organizacional, na mentalidade de líderes e liderados (sobretudo esses últimos) e nos modelo de negócios atual. 

A pandemia global do coronavírus atuou como um impulsionador para a mudança tecnológica. Agora, o RH tem a missão de considerar maneiras eficazes para fazer o recrutamento de talentos em um contexto de mudança estratégica. 

Tendências atuais e a necessidade de aprimorar habilidades

Os avanços tecnológicos e outros fatores constantemente alteram as necessidades do mercado (Think Work)

As empresas já foram forçadas a fazer grandes mudanças estratégicas em resposta às transformações no ambiente de negócios. Como é o caso dos novos modelos de trabalho como o home-office ou trabalho híbrido.

Portanto, à medida que adaptam e reformulam suas estratégias em resposta às mudanças, elas também precisam garantir planos de carreira e novos recursos para transformar suas competências.

O mesmo se aplica ao talento. Se uma empresa pretende implementar uma grande mudança na estratégia, as competências essenciais da sua força de trabalho devem ser ajustadas para atingir as metas corporativas.

Reskilling e a gestão de talentos baseada em habilidades

A estratégia de reskilling deve ser pensada com base nas necessidades atuais da empresa e as demandas futuras do mercado (Think Work)

O reskilling requer identificar as habilidades necessárias para novos empregos do futuro e permite que as pessoas adquiram essas habilidades em um curto período de tempo. 

Um erro comum na maioria das empresas é a falta de centralização de dados atualizados, com informações acessíveis das equipes e negócios que se atualizam automaticamente à medida que as mudanças evoluem.

Para uma abordagem que prioriza habilidades e a criação de uma equipe resiliente, acompanhe a seguir os passos para implementar o plano de reskilling:

Mapeamento das habilidades

A primeira etapa para uma estratégia de reskilling é identificar quais são as competências específicas (e não as vagas de empregos) que o mercado exige hoje e no futuro, para cumprir os objetivos de negócios.

Ao entender os cargos que existem atualmente na organização e quais são as habilidades futuras que é preciso desenvolver, as iniciativas de qualificação e contratação se tornam mais assertivas. 

O papel atual dos líderes de RH é atuar como um parceiro nas estratégias de negócio. Nesse sentido, o bussiness partner é peça fundamental para analisar o cenário desde a perspectiva de “como” criar valor, “onde” criar esse valor e “qual” valor realmente criar. 

Desta forma, a empresa identifica os talentos com predisposição e capacidade de aprendizagem e alinha suas potencialidades e interesses às expectativas do negócio.

Desenvolvimento de competências

O plano de desenvolvimento profissional da política de benefícios deve garantir recursos para lidar com problemas e novas oportunidades que possam surgir no futuro. Desde uma perspectiva prática, pode incluir:

  • Recursos necessários

Embora a autoaprendizagem seja positiva, é necessário que a empresa ofereça recursos que promovam a reciclagem profissional. Só então os resultados ideais podem ser alcançados. 

  • Mente empreendedora

Provavelmente já existem trabalhadores dentro da empresa que, por iniciativa própria, buscaram novas formações e o desenvolvimento de novas competências. Aproveitar esta motivação pode ajudá-los a impulsionar a sua carreira profissional, mas também a melhorar a empresa. 

  • Gestão eficiente do tempo

Deve-se garantir que o acompanhamento do programa reskilling esteja alinhado com as responsabilidades da função e a realização das atividades diárias de trabalho. 

Por isso, esses profissionais devem conciliar as exigências de trabalho com a formação, adequando-se bem aos horários, planos de trabalho e objetivos. 

Ao mesmo tempo, devem ser capazes de organizar suas prioridades e delegar, quando necessário, determinadas tarefas a seus colegas.

Planejamento

É importante analisar as lacunas de habilidades para, a partir disso, elaborar um plano para preenchê-las. E existem algumas ferramentas que auxiliam neste processo.

  • Plataformas de IA

Essas plataformas utilizam dados do mercado de trabalho em tempo real para entender os empregos que estão surgindo e as habilidades necessárias para eles. 

Com a IA aliada ao people analytics é possível analisar as competências existentes dos funcionários e identificar trabalhadores com maior probabilidade de se sentirem confortáveis ​​em fazer a transição para novos empregos, adquirindo as habilidades necessárias para realizar esses novos trabalhos com eficiência. 

  • Mentoria interna e mentoria reversa

Deve-se ter em mente que a formação nem sempre precisa acontecer a partir de recursos externos. A aprendizagem, capacitação e orientação pode se dar entre os diferentes perfis de profissionais da empresa.

Nesse sentido, as organizações podem considerar duas opções:

  • Mentorias: consiste na troca entre profissionais seniores e juniores, sendo os primeiros quem fornecem o conhecimento;
  • Mentoria reversa: neste caso, são os profissionais juniores que fornecem a troca de conhecimento com as últimas tendências do mercado aos funcionários mais experientes.

Além de ser uma forma eficaz de envolver e reter os melhores talentos, a mobilidade interna é uma característica fundamental de uma empresa ágil, adaptável e que prioriza o conhecimento e a carreira profissional de seus talentos.

  • Mentoria ou coaching

A atribuição de um mentor ou coach permite criar um programa de treinamento e atualização personalizado. 

Além disso, exige maior envolvimento e colaboração por parte do trabalhador, pois é ele quem deve orientar e planejar a própria formação naquilo que lhe parecer mais útil e interessante. 

O coaching pode lançar luz sobre as competências que a pessoa já possui e aquelas que necessita de melhoria, orientando, por sua vez, o programa de desenvolvimento profissional. 

  • Aprendizagem híbrida

Este tipo de treinamento combina várias estratégias de aprendizado digital para melhor corresponder aos objetivos e resultados. 

É considerada uma das estratégias mais eficazes de treinamento, pois costuma combinar os benefícios das estratégias mais tradicionais de T&D com as do e-learning.

  • Treinamento online ou e-learning

Além da capacidade de treinar funcionários remotamente, é uma estratégia rápida e acessível ao trabalhador por ser altamente flexível e abranger uma grande variedade de conhecimento. 

  • Treinamento on-the-job

Esta estratégia de reskilling consiste em aprender “no posto de trabalho”, ou seja, no posto que vai ser ocupado e pelo auxílio de colegas que já exercem essa função. 

O funcionário que está no programa de requalificação observa as tarefas e funções que são realizadas e depois as reproduz de forma autônoma. 

Normalmente, a pessoa que deseja ser treinada nas habilidades e competências de determinado cargo é pareada com um trabalhador que ocupa aquele cargo e o acompanha em seu trabalho diário, observando e aprendendo suas funções. 

Exemplos de reskilling na prática

Algumas empresas se destacam em iniciativas de reskilling para os funcionários (Freepik)

Nas estratégias de recursos humanos, várias opções estão disponíveis para empresas que buscam alinhar as competências essenciais de sua força de trabalho de acordo com uma mudança na estratégia corporativa. 

Veja como as empresas estão implementando as estratégias de reskilling, principalmente por meio de reatribuição de funções ou treinamento no trabalho.

Walmart

Em suas estratégias de reskilling, a maior rede de varejo do mundo utiliza realidade virtual em seus programas internos de treinamento. O Walmart começou a implantar a tecnologia em cinco lojas em caráter experimental e logo lançou para outras 17.000 unidades nos EUA. 

As habilidades práticas adquiridas garantem que os funcionários estejam prontos para lidar com situações como a liquidação anual da Black Friday ou para situações de crise, como desastres naturais. 

Alem disso,, a realidade virtual também pode ser usada para ajudar a treinar os trabalhadores com antecedência para lidar com novas tecnologias e sistemas. 

Com o lançamento de novas tecnologias em ritmo acelerado no setor de varejo, o Walmart está empenhado em utilizar a tecnologia para ajudar seus funcionários a adquirirem as habilidades necessárias para lidar com as mudanças trazidas pela transformação digital.

Amazon

A Amazon, uma das gigantes de tecnologia do mundo, anunciou em julho de 2019 o investimento de aproximadamente 7.000 dólares para o treinamento de cada funcionário, o maior valor de requalificação per capita de qualquer empresa até agora. 

De acordo com o anúncio, a Amazon procura trabalhadores altamente qualificados em áreas como mapeamento de dados, ciência de dados e análise de negócios.

Iniciativas específicas demonstram o compromisso da Amazon em aumentar o nível de habilidades digitais em sua força de trabalho. Por exemplo, a empresa possui programas de reskilling que ajudam os funcionários de outras áreas a fazer a transição para cargos técnicos. 

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