Embora 71% dos profissionais sejam contra utilizar IA no recrutamento, quase metade acredita que ela seja melhor do que humanos para analisar candidatos
As inovações tecnológicas que impactam o mercado de trabalho também trazem questões e decisões muito importantes para a gestão de pessoas. Com a popularização da inteligência artificial (I.A.), como vimos nos últimos meses com o ChatGPT e outras ferramentas similares, as atividades desempenhadas pelo RH ganham novos contornos.
Uma pesquisa feita pela Pew Research Center, nos Estados Unidos, mostrou que as pessoas ainda estão confusas em relação ao uso de IA na atração de talentos. Há um grupo grande que não está de acordo em utilizá-la: 71% dos entrevistados são contra utilizar a IA para tomar a decisão final de contratação e 70% não concordam em empregá-la para analisar as expressões faciais dos candidatos e funcionários.
O estudo também mostra que dois terços dos adultos entrevistados não se candidatariam para uma vaga em uma empresa que utiliza inteligência artificial para tomar as decisões de contratação. Entre suas preocupações estão a necessidade de saber exatamente quais as palavras-chave utilizar na aplicação para ser selecionado e, também, a incapacidade da IA em capturar informações não-verbais entre os candidatos.
Por outro lado, quase metade dos respondentes disseram acreditar que uma inteligência artificial seria melhor do que uma pessoa para analisar todos os candidatos a uma vaga da mesma forma. Entre quem acredita que os vieses inconscientes interferem no tratamento de candidatos não-brancos, 53% também acham que a IA melhoraria essa questão.
Entre os 32% que se candidatariam a uma vaga em uma empresa que utiliza IA no processo de seleção, a razão principal para isso é a crença de que uma ferramenta assim poderia ser menos prejudicial e mais objetiva em comparação com recrutadores humanos.
Há diferenças nas respostas da pesquisa que variam de acordo com características como gênero, raça e renda. Pessoas com rendas maiores, homens e pessoas brancas e asiáticas foram mais propensas a encarar o uso da IA no mercado de trabalho positivamente.
Nos Estados Unidos, a Comissão de Equidade de Oportunidades de Trabalho já havia alertado para o uso de inteligência artificial nas contratações e o seu potencial para discriminação. A cidade de Nova York promulgou uma das leis mais restritivas do país contra o uso deste tipo de tecnologia na contratação. A prefeitura da cidade anunciou que irá requerer que os empregadores locais notifiquem os candidatos sobre o uso de ferramentas automatizadas no processo seletivo.
A pesquisa ainda perguntou aos entrevistados sobre outro uso da IA pela gestão de pessoas que tem se tornado comum com os modelos de trabalho híbrido: o monitoramento de produtividade. 61% dos entrevistados são contra utilizar inteligência artificial para a vigilância dos profissionais.
Uma pesquisa recente feita pela 1E já havia apontado que empresas que utilizam ferramentas de monitoramento dos profissionais em home office oferecem riscos para a saúde mental dos funcionários.
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