Comunicação Não Violenta e um ambiente de trabalho colaborativo 

A Comunicação Não Violenta melhora a interação na equipe de trabalho e equilibra as diferenças individuais

A Comunicação Não Violenta (CNV) não é uma técnica, mas sim de um estudo que envolve comportamento, linguagem e atitude humana com o objetivo de promover relações mais conscientes.

No contexto corporativo, a CNV promove a colaboração e um ambiente de trabalho mais saudável, uma vez que gerencia desentendimentos entre todas as pessoas na empresa, independentemente do cargo ou posição hierárquica.

Um ambiente de trabalho tóxico reduz a motivação, impacta nas relações interpessoais e promove um clima organizacional ruim. Aspectos que refletem negativamente nos resultados da empresa. 

Uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half mostrou que além de atrair talentos, promover a qualidade de vida e o bem-estar dos funcionários, aplicar seus conceitos ajuda a tornar a força de trabalho 86% mais produtiva e 70% mais rentável.

O que é a Comunicação Não Violenta

CNV é um conhecimento para ser aplicado na vida prática com o objetivo de fortalecer as conexões humanas (Freepik)

Sobre a definição do conceito CNV, na obra best-seller “Comunicação Não Violenta – Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, o autor Marshall Rosenberg, diz:

“A Comunicação Não Violenta se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas. […] Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando”. 

As pessoas possuem personalidades e valores diferentes. 

Se por um lado, promover a diversidade é enriquecedor, por outro, é comum que ocorram conflitos gerados por problemas na comunicação e atritos que podem interferir no dia a dia do trabalho.

Como identificar a comunicação violenta

A comunicação violenta é a comunicação que envolve o uso de linguagem agressiva, intimidadora, humilhante ou manipuladora. 

Esse tipo de comunicação não só impacta negativamente na dinâmica do ambiente de trabalho como também nas relações interpessoais, na autoestima e na saúde mental das pessoas.

Infelizmente ainda é comum encontrar nas empresas lideranças tóxicas, autoritárias e mal-educadas. Este é o tipo de comportamento que leva profissionais a se demitirem de seus chefes, e não da empresa.

Para lidar com essa situação, pedir demissão é a solução encontrada por 80% dos profissionais que identificam atitudes que condizem com a comunicação violenta por parte dos líderes.

Este dado, levantado pela pesquisa da Michael Page, indica também que a comunicação violenta é uma das causas da rotatividade nas empresas.

A origem da Comunicação Não Violenta

Inspirado na resistência não violenta de Martin Luther King e Gandhi, a CNV é um método investigado e desenvolvido pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg. 

Reconhecido mundialmente, Rosenberg compartilha seus ensinamentos em todo o globo. Em seu trabalho como psicólogo, percebeu que a forma como as pessoas se comunicavam em situações de conflito era muitas vezes violenta, levando ao aumento da tensão. 

Desta forma, ele começou a desenvolver uma abordagem de comunicação baseada na empatia, na escuta ativa e no respeito mútuo, conhecida como Comunicação Não Violenta.

Assim, a CNV ajuda a identificar as causas do conflito a partir dos princípios do respeito mútuo, compaixão e cooperação, trazendo medidas para melhorar a interação na equipe de trabalho, equilibrando as diferenças individuais. 

Qual a importância da CNV no ambiente de trabalho

Ao utilizar esta teoria no trabalho, as pessoas podem expressar suas necessidades e preocupações de forma eficaz e respeitosa, o que pode melhorar a qualidade de seus relacionamentos e sua capacidade de trabalhar em equipe.

A teoria da Comunicação Não Violenta se baseia em quatro componentes principais: 

  • Observação sem julgamento; 
  • A expressão dos sentimentos; 
  • Expressão das necessidades; 
  • Fazer solicitações específicas, sem rodeios. 

Seguindo esses elementos, as pessoas poderão expressar suas necessidades e sentimentos de forma clara e respeitosa, além de ouvir e compreender as necessidades e sentimentos dos colegas.

Os 4 componentes da Comunicação Não Violenta

A principal ferramenta deste modelo de comunicação é reconhecer a intenção das palavras que são construídas a partir dos pensamentos (Think Work)

A CNV recomenda focar apenas na escuta das necessidades e emoções que elas contêm, porém, não se pode ignorar a interpretação pessoal, os pensamentos e preconceitos que quem os pronuncia possa ter.

Para implementar a Comunicação Não Violenta na empresa, entenda o que os 4 componentes da CNV sintetizados por Marshall Rosenberg representam:

Observação

Normalmente, as observações feitas são condicionadas por julgamentos, opiniões e pensamentos pré-estabelecidos, o que leva as pessoas ao hábito de conduzir opiniões e diálogos mais defensivos, ou mesmo a entrar em jogos de “quem está certo e quem está errado”. 

“Quando nos concentramos em esclarecer o que está sendo observado e sentido, é necessário ao invés de diagnosticar e julgar, descobrirmos a profundidade de nossa própria compaixão. “- Marshall B. Rosenberg

Assim, a CNV convida a iniciar uma comunicação de forma neutra e sem avaliações com juízo de valor. Ou seja, observar a descrição dos fatos sem fazer interpretações.

Sentimentos

É importante diferenciar sentimentos, emoções e pensamentos. Normalmente os sentimentos se manifestam por meio de sensações corporais. 

Enquanto isso, os pensamentos pertencem à parte cognitiva e analítica. 

Portanto, sentimentos e emoções são informações muito valiosas quando se trata de comunicação, pois fornecem dados sobre como as pessoas se sentem em relação a uma determinada situação. 

Essas sensações estão sempre ligadas às necessidades subjetivas. Seja por necessidade de reconhecimento, compreensão, conexão e carinho, por exemplo.

Assim, a Comunicação Não Violenta ensina as ferramentas necessárias para que todos possam expressar seus sentimentos com clareza. 

Necessidades

Necessidade humana diz respeito às coisas que ansiamos. À primeira vista, para uma comunicação mais eficaz, é importante identificar as necessidades próprias e a do outro.

Segundo Marshall Rosenberg, “por trás de toda ação, existe uma necessidade humana universal”.

Contudo, a necessidade é a razão dos sentimentos e sempre vem de dentro, por mais que outra pessoa a provoque. 

Ainda de acordo com o psicólogo, existem três grandes grupos de necessidades humanas: necessidades de subsistência, relações sociais e espiritualidade. 

Pedidos

Antes de fazer uma solicitação, o primeiro é preciso levar em consideração uma série de requisitos: 

  • Uma solicitação deve ser específica e dirigida a alguém; 
  • Deve ser expresso de forma realista e positiva: “peço o que quero, não o que não quero”;
  • Negociável: estar aberto para aceitar um não; 
  • Direcionado para um momento específico, não para sempre. 

As organizações que aplicam esses conceitos têm muito mais chances de melhorar suas habilidades de comunicação e fazer prevalecer a CNV no cotidiano da empresa.

Vale destacar que os elementos não se referem aos passos da CNV, uma vez que os 4 componentes não precisam seguir uma ordem para a implementação da metodologia.

Comunicação Não Violenta na prática

Utilizar os conceitos da CNV na prática pode melhorar muito o ambiente de trabalho (Think Work)

Para implementar a comunicação não violenta no local de trabalho, algumas dicas práticas envolvem: 

  • Escuta ativa:

Estar atento para tentar compreender as perspectivas e necessidades do outro.

  • Evitar generalizações: 

Generalizar pode causar mal-entendidos. Ao invés disso, use exemplos específicos e objetivos. 

  • Usar linguagem respeitosa: 

Cuidar para não usar comunicação ofensiva, mesmo quando expressar desacordo ou frustração. 

  • Ser específico:

Ao fazer uma solicitação, é recomendado ser o mais claro possível sobre o que se está solicitando. 

  • Praticar a empatia: 

Colocar-se no lugar dos outros é fundamental para entender suas necessidades e perspectivas. Isso pode ajudar as pessoas a se comunicarem de forma mais eficaz e a construir relacionamentos mais fortes no trabalho.

Benefícios da Comunicação Não Violenta na empresa

A CNV evita a criação de um ambiente de trabalho tóxico e melhora a retenção de talentos (Freepik)

No trabalho, o simples fato de diferenciar o que é um pensamento ou uma interpretação ajuda os funcionários a perceberem que esses pensamentos são o impulso dos seus sentimentos. 

Por outro lado, os líderes que conseguem gerar essa cultura em suas equipes descobrem como se torna mais assertiva e efetiva a comunicação entre todos. 

Dessa forma, a CNV proporciona uma série de benefícios para as empresas, sendo eles:

  • Fortalece vínculos e estabelece relações mais humanas;
  • Promove a empatia e mantém relacionamentos saudáveis;
  • Contribui para uma comunicação mais pacífica;
  • Constrói um clima organizacional mais acolhedor;
  • Estabelece uma cultura organizacional colaborativa com foco nas pessoas;
  • Identifica e faz gestão de conflitos priorizando a abertura ao diálogo;
  • Incentiva a cultura de feedbacks e a troca de ideias e elogios entre as pessoas e líderes;
  • Conscientiza as lideranças sobre o seu papel de disseminar a compaixão e empatia em suas equipes;
  • Neutraliza sentimentos de comparação e competição entre as pessoas no ambiente de trabalho;
  • Fortalece o trabalho em equipe e parceria mútua.

Exemplos de Comunicação Não Violenta no trabalho

A CNV pode ser usada para a vida de uma forma geral, mas é de suma importância no ambiente de trabalho (Freepik)

No contexto organizacional, um dos cenários em que a Comunicação Não Violenta pode ser usada é no momento do feedback, na comunicação corporativa interna.

Por isso, os 4 componentes da CNV pretendem promover uma comunicação honesta e profunda, baseada na compaixão e na compreensão das relações humanas. 

Considerando um cenário de feedback entre líder e liderado, acompanhe o exemplo de CNV:

Observação: 

“Na última reunião que tivemos com a equipe percebi que você estava muito atento ao celular, acredito que os seus colegas também tenham percebido.”

Sentimento: 

“Esse comportamento parece transmitir falta de interesse da sua parte com o projeto no qual estamos todos muito empenhados.”

Necessidade: 

“Para este projeto, a empresa precisa garantir que todos estejam focados para alcançarmos os objetivos estabelecidos na última reunião.”

Pedido: 

“Sugiro não usar o celular na próxima vez. Exceto em caso de uma emergência em que esteja esperando alguma mensagem muito importante. 

Se for esse o caso, não deixe de comunicar no início da reunião que precisará se ausentar para consultar o celular. Tudo certo? 

Se estiver passando por alguma situação delicada e quiser conversar mais sobre o tema, sabe que pode contar comigo.”

Gestão de conflitos no ambiente de trabalho e CNV

Os principais benefícios da CNV aparecem exatamente nos momentos de adversidade (KamranAydinov | Freepik)

CNV é uma metodologia de comunicação que ajuda no processo do autoconhecimento, uma importante habilidade interpessoal.

Esse método convida a entender a razão na qual as ações humanas são estabelecidas de tal maneira e quais necessidades são importantes para cada indivíduo.

As habilidades como comunicação e resolução de problemas são consideradas soft skills valorizadas pelas empresas no momento do recrutamento.

Na pesquisa da Business Name Generator divulgada pela Think Work, 84% dos entrevistados ​​acreditam que os novos funcionários devem demonstrar suas habilidades interpessoais no processo de contratação. 

Para evitar situações divergentes, com a CNV as pessoas passam a trocar as informações necessárias para resolver conflitos de forma pacífica, tornando mais fácil chegar a um acordo.

Portanto, praticar a Comunicação Não Violenta no trabalho ajuda a construir relacionamentos mais fluidos e saudáveis alinhados às expectativas da empresa e sua cultura organizacional.

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