Para a Today, Matthias Wegener escreve sobre os dados obtidos a partir do Think Work Flash Innovations 2023
Chegamos ao fim de mais uma edição do Prêmio Think Work Flash Innovations!
Com a linda festa de premiação que tivemos durante o Flash Humanidades e com as ricas discussões do Innovations Day, pudemos celebrar o que há de mais inovador no RH brasileiro em 2023.
Nesta edição, mudamos um pouco a metodologia da parte quantitativa do prêmio, com a adição de algumas perguntas que foram comuns a todas as inscrições. Com isso, conseguimos ter um panorama mais claro sobre como a inovação ocorre nas 200 empresas e 415 iniciativas inscritas neste ano.
Por um lado, me chamou a atenção o fato das empresas certificadas como RHs Inovadores adotarem modelos de gestão de pessoas mais centrados em dados e na autonomia dos funcionários. Conseguir dar mais autonomia aos trabalhadores certamente é um desafio para muitas empresas e depende muito de um bom trabalho de seleção e treinamento, além da cultura organizacional.
Mas quando isso ocorre, se reverte em um ambiente de muito mais confiança e propenso à inovação, uma vez que as pessoas têm mais liberdade para repensar a forma como as coisas estão sendo feitas dentro da empresa.
A autonomia também se transforma em mais tempo para o RH investir em tarefas mais estratégicas, principalmente quando os funcionários e líderes de equipe têm a sua disposição ferramentas digitais para realizar as tarefas atreladas ao RH transacional. E, quando o RH consegue unir este olhar estratégico ao uso de dados, temos uma receita perfeita para a inovação no RH!
A inovação no RH, por sua vez, pode ocorrer de diferentes formas:
Nesta edição, as iniciativas inscritas foram criadas principalmente através do conhecimento dos próprios funcionários de RH, seja remodelando práticas já existentes ou criando iniciativas do zero.
Os benchmarkings, sempre muito usados em nossa área, também aparecem como uma das principais fontes para a inovação. Por fim, vale destacar ainda que nenhuma empresa se mostrou acomodada com o nível de inovação atual das suas práticas de RH, o que é um ótimo sinal! Estar sempre em busca de melhorias é essencial para não ficar para trás com práticas obsoletas no futuro.
Além desta pergunta sobre a estratégia preponderante para a inovação na área de RH de cada empresa, perguntamos também qual havia sido o tipo de inovação adotado em cada iniciativa inscrita. Nesta pergunta, as empresas relataram que as iniciativas foram construídas:
40% | Com conceitos totalmente novos, sendo a empresa pioneira no seu desenvolvimento e aplicação
24% | A partir de benchmarkings com outras empresas e depois adaptada à realidade da empresa
26% | Através de adaptações de outras práticas já existentes na empresa, aprimoradas apenas com os conhecimentos da equipe de RH da própria empresa
10% | Em um trabalho desenvolvido com um fornecedor externo, usando seus sistemas, produtos ou serviços
A combinação destes dois grupos de dados mostra que o RH tem buscado a inovação principalmente através de seus próprios recursos e conhecimentos e entende que boa parte do que está sendo feito é algo totalmente novo e revolucionário.
Mas a verdade é que não é bem assim. Na avaliação da equipe da Think Work e dos jurados, o nível de inovação ainda fica aquém do esperado para a maioria das iniciativas, principalmente em algumas categorias como Carreira e Liderança, por exemplo. De fato, apenas 9% das 415 iniciativas foram avaliadas com um índice de inovação superior a 8 pontos (de um máximo de 10).
Apesar da maioria das iniciativas inscritas serem interessantes e certamente trazerem algum tipo de melhoria para suas empresas, muitos RHs estão de certa forma presos em seu mundo e dentro dos conhecimentos já disponíveis internamente.
Com isso, apesar de muitos entenderem que estão fazendo algo totalmente novo, na verdade em muitos casos já há práticas similares ou até mais avançadas sendo adotadas no mercado há algum tempo. No final das contas, eles estão reinventando a roda.
E reinventar a roda é um trabalho árduo, principalmente quando depois de finalizar, você vê que o seu vizinho também a tem.
Por isso, um primeiro conselho é para que as empresas continuem sempre olhando para fora para ver o que já existe disponível no mercado e que possa ser incorporado às suas práticas. Mesmo que a prática de benchmarking já seja algo frequente na nossa área, é importante, ao se identificar uma oportunidade de inovação na empresa, buscar práticas similares no mercado.
A ideia não é simplesmente copiar o que já está sendo feito, mas acelerar a curva de aprendizagem e aprender com os erros dos outros, para depois adaptar as iniciativas à realidade interna da organização e poder implantar a prática de maneira mais rápida e com menos percalços.
Outra sugestão é buscar mais o apoio de fornecedores externos nestes processos. 40% das iniciativas inscritas já envolvem o apoio de algum tipo de fornecedor, sendo que o percentual de projetos certificados como “RH Inovador” é 30% maior neste grupo. Em especial quando falamos de HR Techs – que foram envolvidas em apenas 8% das iniciativas – o ganho de inovação através do uso de novas tecnologias pode ser muito grande e se mostra como um grande diferencial das empresas que buscam inovar por este caminho.
Mas nem só de olhar para fora vive a inovação, não é mesmo? Claro que tivemos iniciativas brilhantes sendo criadas internamente nas empresas e algumas delas foram inclusive premiadas como vencedoras das suas categorias.
Para mim, o que mais falta quando olhamos a inovação no RH em todos os formatos é uma participação mais ativa daqueles que serão beneficiados pelas práticas: os funcionários.
Na avaliação das iniciativas consideramos seis quesitos: o quanto a descrição nos permite entender como o projeto ocorreu; a conexão dele com a estratégia; os resultados atingidos; quem são os beneficiados; a participação dos funcionários; além, claro, do nível de inovação.
Pelo segundo ano, a pior nota média entre estes 6 quesitos ficou para a categoria de participação dos funcionários.
Embora muitas empresas busquem captar feedbacks dos trabalhadores durante a construção e manutenção das iniciativas e algumas até chegarem a rodar pilotos com alguns grupos de profissionais, são raríssimos os casos em que se consegue ver uma conexão clara entre o que está sendo feito e a dor sentida pelos funcionários que justifique a sua construção.
Mais raros ainda são os projetos que demonstram uma participação ativa das pessoas na concepção da ideia, sendo normalmente algo proposto apenas pelo RH e depois testado com as pessoas.
Assim como escrevi no final do Innovations do ano passado, esta participação ativa das pessoas e a construção de iniciativas que estejam verdadeiramente alinhadas às suas necessidades, expectativas e consequentemente à cultura da organização é o que vai permitir que as empresas criar iniciativas que sejam realmente pioneiras e únicas. E aguardo ansiosamente para poder conhecê-las.
Espero que seja no Innovations do ano que vem!