Sobre cultura organizacional e inovação, a Think Work conversou com Danilca Galdini, jurada do Think Work Flash Innovations 2023
Uma boa cultura corporativa é crucial para empresas que desejam se destacar em um mercado cada vez mais competitivo. Tanto quanto uma boa cultura de inovação. Companhias que têm este tipo de cultura têm um desempenho financeiro 1,5 vezes superior ao das empresas com uma cultura mais tradicional, de acordo com o estudo “The Corporate Innovation Imperative: How Large Corporations Are Leveraging Open Innovation to Accelerate Growth” da Accenture.
Porém, para falar de inovação e cultura, é preciso ir até o ponto central do assunto: as pessoas. São elas as grandes responsáveis pelas transformações dentro das corporações. E para uma conversa sobre inovação e cultura corporativa, nada melhor que chamar uma especialista no assunto e também jurada do Think Work Flash Innovations, Danilca Galdini, head de pesquisas na Cia. de Talentos.
A inovação para revolucionar a cultura de uma organização
Danilca inicia a conversa com uma provocação: “é comum falarmos de conceitos como inovação, transformação digital ou mudança cultural como se acontecessem sozinhos, como processos automatizados, que apertamos um botão e iniciasse uma série de fluxos que, em determinado momento, finaliza em um resultado concreto”.
Para ela, toda mudança exige pessoas preparadas e o reconhecimento de capacidade de transformação de cada indivíduo. “São elas que iniciam, realizam e concretizam mudanças, sejam elas quais forem. Portanto, se queremos ou precisamos ver mudanças acontecendo dentro das organizações, é preciso envolver, preparar e estimular as pessoas que atuam nela”.
Mas como, Danilca?
“Mudar a cultura organizacional requer intenção e ação. Um dos grandes desafios atuais é a pressão para que as empresas estabelecidas respondam à ruptura em seus setores, sejam inovadoras em seus produtos e serviços. Elas precisam ser capazes de criar rápida e continuamente experiências novas e inovadoras”, desafia.
Para tanto, a transparência também funciona como uma carta-chave para as corporações que estão realmente interessadas em fazer esta diferença.
“Como empresas são feitas por pessoas, são elas que precisam dar conta deste desafio e para isso precisam ser envolvidas nos reais problemas do negócio. Precisam ter acesso a informações relevantes e serem estimuladas a tomarem decisões e assumirem riscos planejados”, observa.
“Ao fazermos isso, estimulamos uma cultura organizacional mais aberta para a inovação e tudo o que vem junto, porque inovação não é acertar sempre. Na verdade, envolve muita experimentação, muito ajuste, vários erros e alguns acertos. O ponto é que os erros são repletos de aprendizagem e precisam ser considerados e compartilhados com as pessoas, para que a cultura aproveite o aprendizado coletivo”, completa.
Então, o que seria inovação para você?
“Gosto do olhar para inovação que se aproxima do mundo prático, ou seja, aquele que entende inovação como promoção de melhoria, de progresso, de melhores maneiras para fazer algo”, sustenta.
Albert Einstein já dizia que “não se pode resolver um problema com a mesma mentalidade que o criou”. Nesta mesma linha, Danilca entende a inovação como algo capaz de levar um propósito benéfico para seu entorno.
“A inovação vai gerar uma mudança positiva para a sociedade, para os negócios e para as pessoas, então ela pode ter relação com o desenvolvimento de novos produtos, mas também com novos modelos de negócio, novos processos de trabalho ou mesmo algo que não seja novo, mas que seja uma forma de aplicar que de fato torne a vida das pessoas melhor”, explica.
Cultura como catalisadora das transformações necessárias
A liderança assume um ponto essencial na propagação e manutenção da cultura de qualquer ambiente. Neste prisma, assumem papéis de destaque a confiança, o reconhecimento e a comunicação.
“As mudanças que precisamos que aconteçam dependem essencialmente de pessoas, e para que elas estejam engajadas na resolução dos desafios é necessário confiança na estratégia da empresa, na liderança e na equipe da qual faz parte”.
Para Danilca, “criar uma cultura de confiança significa investir em: reconhecimento das pessoas, desafios interessantes e possíveis de serem resolvidos, autonomia para escolher caminhos e tomar decisões, suporte necessário para a resolução dos problemas complexos do dia a dia, transparência e abertura na comunicação, cuidado nas relações e estímulo ao desenvolvimento”.
Assim, os líderes ganham um papel estratégico na construção e manutenção de culturas de confiança. “Tão importante quanto desenhar boas estratégias, é a gestão das pessoas, que é responsável por fazer o que está no papel virar realidade”.
E como as empresas podem equilibrar a inovação e a humanização do trabalho?
Quando olhamos para empresas como Netflix, podemos ter a impressão de que foi encontrado um equilíbrio entre inovação e humanização do trabalho. Conhecida como “a cultura da liberdade e responsabilidade”, a companhia valoriza a liberdade e a autonomia dos funcionários e espera que eles sejam responsáveis por suas próprias decisões. Com políticas menos rígidas, a Netflix tem conseguido bons resultados.
Já o Google oferece uma política de benefícios diferenciada para seus funcionários. É possível ter desde aulas de yoga até espaços de lazer no escritório, e é permitido que seus funcionários dediquem 20% do tempo de trabalho para projetos pessoais, o que incentiva a criatividade e a experimentação. Essa abordagem inovadora é capaz de trazer ganhos até financeiros, além de inovar na criação de novos produtos para a própria empresa.
“Para criar e manter uma cultura inovadora é preciso estimular que as pessoas reflitam sobre os negócios, que conversem sobre a maneira como as coisas são feitas e sobre os objetivos realizados”, indica Danilca.
E ela completa: “também é preciso reconhecer o valor do aprendizado para a organização, tanto do conhecimento tradicional quanto da aprendizagem experiencial (aquele conhecimento adquirido através da reflexão ou do fazer). Ao fazermos isso, damos espaço para as pessoas exercitarem sua capacidade de criação, o que torna o trabalho significativo ao mesmo tempo que gera contribuições relevantes para o negócio”.
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