O que é ESG e como ele impacta no RH

O ESG pode ser um componente importante para o crescimento dos negócios. Saiba como uma empresa pode adotar seus princípios e de que forma isso beneficia a organização

ESG é a sigla mais falada no mundo corporativo nos últimos anos. Isso porque construir uma forte pontuação ambiental, social e de governança pode determinar o sucesso geral do negócio e atrair investidores socialmente responsáveis. O tema atrai, mas também exige. 

Na prática, o conceito ESG (do inglês “Environmental, Social and Governance”) busca integrar a sustentabilidade, responsabilidade social e organizacional com a criação de valor econômico, sendo importante para que a organização mostre responsabilidade com seus membros e principalmente com a sociedade para a qual trabalha.

Está na hora de aprender melhor o que é ESG, como aplicá-lo corretamente e descobrir o que este conceito pode representar. 

O que é ESG?

A sigla ESG diz respeito às considerações ambientais, sociais e de governança corporativa com relação às aplicações financeiras de determinada organização (towfiqu barbhuiya | Unsplash)

O ESG é uma estrutura estratégica feita para identificar, avaliar e abordar os objetivos e atividades organizacionais, que vão desde a pegada de carbono da empresa e o seu  compromisso com a sustentabilidade, até a cultura do local de trabalho e o compromisso com a diversidade e a inclusão dentro das práticas corporativas. 

Do inglês “Environmental, Social and Governance”, a sigla também aceita sua variante ASG, sendo A, de ambiental. E não se trata de meras palavras soltas. Esta união é sobre uma construção organizacional que vem se tornando fundamental no espaço corporativo, especialmente para investidores socialmente responsáveis ​​que desejam investir em empresas com alto nível (ou pontuação) ESG.

Como surgiu

O termo “ESG” foi usado pela primeira vez em 2004, em um documento resultante de uma parceria entre o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial e instituições financeiras de diversos países.

A publicação faz parte de um relatório chamado “Who Cares Wins” (Ganha Quem se Importa), feito para desenvolver diretrizes e recomendações sobre como integrar melhor exatamente as questões ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos, serviços de corretagem de valores mobiliários e ao mercado de capitais em geral.

Vale detalhar um pouco cada um dos pilares do ESG:

Ambiental

Este pilar avalia o impacto de uma empresa no planeta, incluindo o seu uso de energia, eliminação de resíduos, fornecimento de matérias-primas, emissões de carbono, uso de água e processos de reciclagem de materiais não biodegradáveis, como o plástico.

Social

Avalia o impacto de uma empresa em sua força de trabalho e a comunidade em geral. As questões incluem diversidade, igualdade de gênero, direitos dos funcionários, ações de caridade, trabalho comunitário, adoção de regimes mais flexíveis de trabalho e a política aplicada aos trabalhadores terceirizados.

Governança

Este é o pilar que avalia como uma empresa é dirigida e controla, por exemplo, a composição dos conselhos, diretores independentes, classes de ações disponíveis, remuneração e interação com os acionistas.

Por que o conceito de ESG vem ganhando destaque?

Mesmo que a empresa não esteja em busca de investimentos, a adoção de uma estrutura ESG traz benefícios desde a redução de custos até a melhora da sua reputação (AbsolutVision | Unsplash)

A contabilização de critérios ESG se tornou uma “norma” entre a comunidade de investidores. Isso porque as preocupações com as mudanças climáticas e suas consequências, questões de desigualdade social e recentes escândalos corporativos incentivaram as corporações e investidores a adotarem uma postura mais responsável dos negócios. 

Além dos acionistas e do retorno sobre o patrimônio líquido, é preciso levar em consideração também os interesses dos clientes, funcionários e sociedade em geral. Afinal, esses critérios são essenciais para o crescimento de qualquer empresa.

Se antes apenas o segmento e as finanças da empresa eram avaliadas para prever sua sobrevivência no mercado, hoje uma série de fatores é pontuada, desde emissões de carbono até a equidade de gênero na sala de reuniões. É seguro afirmar que uma pontuação ESG alta pode ajudar a atrair investimentos, permitir maior acesso ao capital e abrir mais oportunidades na bolsa de valores.

Qual a importância para as empresas?

Estratégias que levam seus fatores ESG em conta podem apresentar um melhor desempenho a longo prazo (Karsten Wurth | Unsplash)

É possível prever que as empresas que são mais prudentes com recursos como água, carvão, petróleo e eletricidade se sairão melhor em um futuro no qual esses recursos podem ser limitados em determinadas áreas. 

Da mesma forma, o perfil social de uma empresa é mais importante do que nunca em uma era na qual um simples tweet pode impactar negativamente toda a reputação de uma empresa. E à medida que mais leis e regulamentos surgem em torno da tecnologia, um forte compromisso com a governança e a conformidade adequada será crucial para manter uma empresa operando no mercado.

Imagem

A adoção de estratégias pautadas em ESG é muito importante para os consumidores e a sociedade porque lhes dá confiança de que a empresa com a qual estão gastando seu dinheiro é responsável em todos os sentidos. Conforme os negócios adotam políticas transparentes de gestão, fica mais fácil saber exatamente para onde o dinheiro dos consumidores está indo e como está sendo usado.

Essa transparência pode ajudar o consumidor a tomar decisões sobre onde investir seu dinheiro; quais produtos eles compram; quais empresas devem apoiar e, finalmente, como criar mudanças positivas no ambiente em que vivem.

O ESG é importante porque mostra que as empresas que o adotam compartilham seus valores com seus membros e clientes. Em última análise, isso ajuda o consumidor a construir confiança nelas e em seus produtos.

Confiança

Incorporar as diretrizes do ESG em uma organização pode ajudar a reputação do negócio, pois indica que há um plano transparente que se concentra em ajudar o meio ambiente, apoiar a diversidade e a igualdade de oportunidades e garantir decisões comerciais éticas.

Fidelização

Muitos clientes podem estar mais dispostos a consumir um produto similar de uma marca mais ética do que de outra empresa – mesmo que paguem mais por isso.

Uma pesquisa da McKinsey revelou que mais de 70% das pessoas analisadas disseram que pagariam 5% a mais por um produto considerado mais ecológico, se atendesse aos mesmos padrões dos concorrentes.

Engajamento interno

Uma forte política pautada em ESG pode ajudar as empresas a atrair e reter funcionários, incutindo um senso de propósito e aumentando a sua motivação.

É fácil perceber que os funcionários que compartilham valores e objetivos pessoais com os da sua organização não vão experimentar apenas sensações de satisfação, mas também de conexão com a marca que trabalham. Quanto mais forte for a percepção de impacto desses valores no trabalho, maior será a motivação para agir de forma ética e pró-social.

Desempenho financeiro

Iniciativas sustentáveis, que reduzem o desperdício e a quantidade de materiais e energia utilizados no processo produtivo podem reduzir custos. Mas esta não é a única vantagem para o desempenho financeiro.

Uma pesquisa feita pela diretoria de investimentos Charles Stanley revelou que até metade (48%) dos investidores pretende aumentar seus investimentos em políticas ESG nos próximos três anos. Isso porque, além da sua receita, a forma de cada empresa operar também se tornou um ponto importante de análise na hora de gerir esses investimentos.

Quais os impactos do ESG no RH?

O aspecto social do ESG, bem como o departamento de recursos humanos foca em como uma empresa impacta a sociedade em geral e a cultura do local de trabalho (Campaign Creators | Unsplash)

As principais relações do ESG no RH dizem respeito ao modo como uma empresa se envolve com sua força de trabalho, com forte ênfase em uma cultura que incorpora a inclusão e diversidade enquanto encara questões de remuneração e igualdade social. 

A recente pandemia do coronavírus voltou o foco firmemente para o lado social do ESG, já que o vírus teve um grande impacto em empregados e sua maneira de trabalhar. Ainda assim, houve uma expectativa pública de que as empresas fizessem a coisa certa, evitando demissões e garantindo condições de trabalho em regime home-office.

Questões sobre flexibilidade e bem-estar, saúde mental e engajamento dos funcionários durante e após o período prolongado de isolamento exigiu uma atenção rápida e até hoje é alvo de debates no meio corporativo. Isso colocou a agenda de RH diretamente na lista de prioridades da empresa e oferece uma oportunidade para os líderes dessa área assumirem a liderança nos esforços de recuperação e adaptação. 

Muitas das questões pertinentes para o RH são avaliadas para a formulação de uma boa pontuação ESG, como o equilíbrio entre vida pessoal e profissional dos funcionários, recrutamento e retenção de pessoas, diferença de pagamento entre cargos, gestão de crises, etc.

Já que as empresas adotam mudanças de forma a incorporar a resiliência para o desempenho de longo prazo, uma forte política pautada sobre as lentes ESG fará a diferença na gestão e sucesso da empresa no futuro.

Como implementar na prática?

Uma alta pontuação ESG se alinha com funcionários mais felizes e com uma empresa mais sustentável, mais produtiva e lucrativa devido às melhores condições de trabalho (Dylan Gillis | Unsplash)

As pontuações e classificações ESG são importantes porque fornecem uma visão geral do desempenho da empresa nas áreas sociais, ambientais e de governança. Esse processo é determinado por empresas terceirizadas, que possuem suas próprias metodologias para identificar a classificação ESG de uma empresa. 

Atualmente, a implantação não é um processo simplificado em todos os níveis, e diferentes empresas têm sua própria maneira de determinar a classificação ESG de uma empresa. Mas uma coisa é certa: as ações de implantação devem ser práticas.

Os gerentes, especialmente os mais seniores, geralmente são avaliados com base em seu desempenho e produtividade. Para incentivar toda a empresa a promover mudanças, é importante que a implementação comece pelos líderes e parta de um senso de comunidade. Deve haver um entendimento geral do significado e importância da transformação.

O RH deve mostrar que as prioridades ESG da empresa estão diretamente vinculadas a sua cultura, postura dos líderes e criação de valor. É preciso exibir as métricas que alimentam o modelo de negócios e como podem mudar com a adoção de políticas mais sustentáveis e socialmente responsáveis. 

Empresas proativas pesquisam cuidadosamente iniciativas como criar políticas de diversidade e inclusão, investir em projetos comunitários locais e fazer treinamentos voltados para a proteção de dados dos clientes. Inclusive, isso deve ser planejado levando em conta a opinião de líderes de cada setor. A publicação dos resultados de cada ação também ajuda a garantir que tais iniciativas devem continuar em prática.

É preciso cuidado para que o trabalho não seja implementado de forma rasa, para não cair no que é chamado de greenwashing. Por isso a importância do engajamento conjunto e contínuo.

Por fim, é preciso ter paciência e nem sempre aguardar por resultados imediatos. Em um mundo no qual a sustentabilidade, em conjunto com preocupações sociais e governamentais estão se tornando mais urgentes do que nunca, os líderes devem manter em mente que a conexão da política empresarial com critérios ESG realmente são capazes de criar valor, principalmente a longo prazo.

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