Eu não me escondo, eu me emociono

Para a Today, Daniela Moreira escreve sobre o desafio de lançar o Lab Corp, nova plataforma da Think Work para empresas

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O verso acima, título deste artigo, é de uma das minhas canções favoritas, “Um bom lugar”, do grande gênio Sabotage. Embora eu tenha crescido nos anos 80 e 90 em uma periferia da Zona Sul de São Paulo não muito distante da comunidade do Boqueirão, onde o “Sabota” viveu seus últimos anos, eu só conheci essa obra prima da música brasileira muitos anos mais tarde.

Foi meu cunhado (que é mais como um irmãozinho caçula) que me apresentou, já marmanja, a essa pérola. Desde então, eu sempre uso essa frase como um mantra. Sempre que eu tenho que encarar alguma situação desafiadora, daquelas que dá vontade de engatar marcha ré e fugir, eu invoco o mestre Sabota e me recordo que na vida a gente tem que se emocionar, não se esconder.

Quando estávamos desenhando a agenda do Connections, um evento que criamos para um seleto grupo composto por alguns dos líderes de RH mais importantes do Brasil, pintou um desses desafios de dar frio na barriga: precisávamos encaixar na programação uma fala sobre um novo produto da Think Work, o Lab Corp.

Já falei aqui sobre a dificuldade que nós, jornalistas, temos de contar as nossas histórias. Mas quando se trata de apresentar de um novo modelo de negócio em meio a uma grade cheia de falas inspiradoras e emocionantes, de um café inclusivo com a primeira empreendedora com Síndrome de Down do Brasil a um painel só com líderes mulheres incríveis, passando por nomes como Ana Inoue e Ailton Krenak, que dispensam apresentações, o buraco é um pouco mais embaixo.

Não porque a gente não acreditasse na importância dessa fala. Nós acreditamos verdadeiramente no nosso propósito de construir um mundo do trabalho mais justo, mais igualitário, mais saudável e mais feliz. E sabemos que só vamos poder cumprir essa missão, como empresa, se tivermos um modelo de negócio sustentável, para pagar nossas contas, e escalável, para poder chegar a todos os RHs do Brasil e, quem sabe um dia, do mundo.

O grande desafio era: como transmitir essa mensagem para o nosso público sem soar cabotino ou oportunista? Como mostrar para os RHs que o motor do nosso crescimento exponencial, o combustível que nos vai permitir cumprir a nossa missão, realizar o nosso propósito de construir um mundo do trabalho melhor, são eles? E como fazer isso conectando nossa fala com toda essa agenda minuciosamente criada para criar uma verdadeira jornada de reflexão sobre o futuro do trabalho?

Bem, não preciso nem dizer que não foi fácil. Foram horas, horas e mais horas de discussões, rascunhos, novos rascunhos, feedbacks, mais rascunhos. V1, V2, V3, em qual V estamos mesmo? Ensaio online, ensaio no palco, volta tudo do começo, muda essa frase aqui no slide que já está projetado no telão. E dá-lhe frio na barriga…

No último dia do evento, a Tati subiu ao palco e falou sobre as dores e desafios que enfrentamos no mundo do trabalho hoje. Pessoas adoecendo por causa do trabalho, jovens que estão virando as costas pro mundo corporativo, quiet quitting, great resignation, termos diferentes que traduzem uma mesma realidade: o trabalho deixou de fazer sentido para as pessoas.

E as empresas estão sofrendo as consequências. Apagão de talentos, dificuldade para engajar e reter funcionários, problemas para construir e manter uma cultura corporativa. E tudo isso afeta diretamente a capacidade de inovar, de competir e, no fim das contas, de sobreviver dos negócios.

Para o RH, esse é um grande abacaxi a ser descascado. E como disse o Krenak em sua fala de encerramento (que, vejam só a responsabilidade, aconteceu logo depois da nossa), para poder descascar o abacaxi, primeiro a gente tem que saber como segurar ele. 

Como é que o RH vai liderar essa transformação tão importante se ele não entender o problema a fundo, se ele não debater, se ele não refletir, se não olhar para além dos seus próprios muros – sejam eles os muros da sua empresa, do seu gênero, da sua raça ou da sua classe social?   

Se não reconhecer seus vieses e preconceitos, não souber dialogar, não olhar para as evidências, se não criar ambientes que permitam que os talentos floresçam e se multipliquem em vez de usar fórmulas antigas e repetitivas que simplesmente reproduzem mais do mesmo, como provocaram Cláudio Garcia e Ana Inoue, em suas falas no evento? 

Se não for capaz de construir modelos verdadeiramente disruptivos de trabalho e colaboração, se não tiver lideranças verdadeiramente humanas, empáticas, versáteis e ousadas, como as líderes do Upside Down que trouxemos para o palco?

Se não souber abraçar o revolucionário e inevitável impacto da tecnologia sobre o mundo do trabalho, como mostrou José Renato Domingues, ou construir oportunidades de protagonismo e inclusão verdadeiras, como fazem a Jéssica Pereira e sua equipe-família do seu Bellatucci Café?  

Se a gente não mergulhar fundo nessas discussões e não entender o mundo que nos cerca, com todas as suas complexidades, só vamos estar fingindo descascar o abacaxi sem sequer saber como pegar ele na mão. 

E essa é a função do Lab Corp, produto que lançamos no Connections – ajudar o RH a descascar esse abacaxi. Com ferramentas, pesquisas, dados, cases, artigos, eventos, comunidades e oportunidades de colaboração. Com conteúdo, conexões e conhecimento. E não sozinho, mas em conjunto com todo o ecossistema, sem deixar ninguém para trás. Trazendo suas equipes, seus líderes, seus gestores de pessoas, seus C-Levels, seus estagiários, numa solução que coloca o RH como protagonista – e não como refém – das transformações do mundo do trabalho.

Olhando assim, até que faz bastante sentido falar do Lab Corp no palco do Connections, não é? Mas já dizia o sábio Steve Jobs, os pontos da nossa trajetória só se conectam quando a gente olha pra trás. As narrativas só fazem sentido se a gente ligar os parágrafos e amarrar tudo muito bem, com uma bela conclusão. E o desfecho da história, a conclusão, é a gente que escolhe qual vai ser. É a gente que constrói.

Eu e a Tati escolhemos não nos esconder. Escolhemos subir naquele palco e nos emocionar. Escolhemos dividir nosso sonho, nossa visão, nossa missão. Escolhemos escrever o desfecho que a gente quer pra essa história. E o desfecho que a gente quer é o Think Work Lab como grande catalizador da transformação que a gente quer ver no mundo.

Tem um outro trecho de “Um bom lugar” que diz mais ou menos assim:

Há três tipos de gente

Os que imaginam o que acontece

Os que não sabem o que acontece

E nós que faz acontecer

Deixo aqui o meu convite a vocês: bora junto, fazer acontecer?

<strong>Daniela Moreira</strong>
Daniela Moreira

Fundadora e COO da Think Work, jornalista especialista em tecnologia e mestre em Mídia, Comunicação e Desenvolvimento pela London School of Economics and Political Science.

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