Mulheres millenials enfrentam declínio inédito no bem-estar e saúde

Um novo estudo criou um índice para avaliar o bem-estar das mulheres através das gerações; a desigualdade de gênero no trabalho mostrou-se como um fator responsável por afetar a saúde deste público

O passar dos anos pode não ter sido tão positivo para algumas mulheres como pensaram suas mães e avós. Segundo um novo relatório da Population Reference Bureau (PRB) – organização sem fins lucrativos que coleta dados sobre a saúde populacional -, as mulheres da Geração Y estão enfrentando o primeiro declínio no bem-estar e na saúde desde a Geração Silenciosa (1928-1945). As descobertas trazem reflexões relevantes, visto que este grupo vivenciou períodos conturbados, como a Grande Depressão (1929) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O estudo criou um índice de bem-estar para comparar a saúde das mulheres através das gerações. Para isso, foram analisados fatores da vida de norte-americanas na faixa etária dos 25 aos 34 anos, como a situação financeira, educação, encarceramento, representação política e saúde física e mental.

Além disso, a participação na força de trabalho também foi levada em conta, visto que a desigualdade de gênero ainda ocasiona prejuízos à integridade e saúde mental, seja por meio da disparidade salarial, da ausência de presença feminina na liderança ou até da falta de oportunidades, pois 15% das mulheres em idade ativa gostariam de ter um emprego, mas não têm, contra 10,5% dos homens. Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

No Brasil, a disparidade na remuneração também se faz presente, uma vez que as descobertas de Janaína Feijó, doutora em economia e docente da FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), revelaram que a remuneração média dos homens foi 25,3% maior do que a das mulheres no segundo quadrimestre de 2023.

O declínio no bem-estar das mulheres

De acordo com a pesquisa da PRB, desde a Geração Silenciosa, houve, de fato, avanços progressivos na área da saúde, do trabalho e até da educação. Contudo, as taxas desaceleraram para os filhos e filhas destas mulheres – que compõem a Geração X (1965 e 1981) -, estagnando em 2017. Da mesma maneira, os dados do relatório indicam que:

  • A taxa de homicídios de mulheres da Geração Y aumentou em comparação com a Geração X;
  • O número de suicídios quase duplicou entre os membros da Geração X e os da Geração Y;
  • Dados de mortalidade materna aumentaram.

O declínio na saúde das mulheres é ainda pior nas comunidades rurais e, não obstante, os desafios são ainda maiores para outros grupos, sobretudo as mulheres negras.“O que realmente se destacou foi que houve ainda menos progresso entre os jovens negros. […] Mas este foi provavelmente o aspecto menos surpreendente do relatório”, disse a diretora de pesquisa da Justice and Joy National Collaborative, organização sem fins lucrativos em prol dos jovens negros, Dra. Jamelia Harris.

Além disso, o índice de mortalidade materna negra é mais que o dobro da média nacional dos EUA, e os estudantes negros e hispânicos são menos propensos a receber recursos para a faculdade do que pessoas brancas de classe social semelhante, de acordo com o relatório.

Saúde mental em jogo

Para a analista de pesquisa do Population Reference Bureau, Sara Srygley, a piora nas taxas de bem-estar entre as mulheres millennials não é surpreendente, levando em conta as atuais conjunturas sociais e políticas. Segundo Sara, a eliminação das disparidades na remuneração entre homens e mulheres – por meio das leis de equidade salarial – estagnou e isso pode ter consequências graves na saúde, inclusive no aumento das taxas de suicídio.

O declínio no acesso adequado à saúde também afeta as mulheres mais jovens, sobretudo no âmbito mental, de acordo com Martha Sanchez, diretora de políticas de saúde e defesa da Young Invincibles, organização que defende a educação, os cuidados de saúde e o emprego dos jovens dos EUA. Além disso, cabe às empresas investir em benefícios e ações relacionadas ao cuidado integral da saúde feminina.

E os efeitos positivos nas companhias que investem no bem-estar das mulheres são fáceis de verificar: 90% das empresas que apostam em programas do gênero têm um retorno positivo dos investimentos, conforme mostrou o ROI do Bem-Estar, do Gympass – empresa de benefícios corporativos.

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