A presença crescente da Geração Z no mundo do trabalho levanta questionamentos sobre a necessidade de garantir um ambiente seguro para o bem-estar dos funcionários
Que os zoomers são os verdadeiros nativos digitais, muitos já sabem. Mas um relatório da Fruitful Insights – empresa de análise do bem-estar organizacional – em parceria com o Legal & General Group Protection, fornecedor de cobertura e proteção para as companhias, traz novas descobertas interessantes (e um pouco alarmantes).
A Geração Z – que engloba os nascidos entre 1995 e 2010 – é a que mais enfrentou problemas relacionados à saúde mental nos últimos 12 meses. Os gen z sofrem com estresse, ansiedade e depressão, e os efeitos alastram-se no ambiente de trabalho: 77% deles afirmam que podem abandonar as atividades em nome da melhora do bem-estar geral, enquanto apenas 23% estão empenhados em permanecer no cargo.
A pesquisa, intitulada Gen Z – Shaping the Future of UK Workplaces (Geração Z – Moldando o futuro das empresas do Reino Unido, em tradução literal), expõe que um em cada três funcionários do grupo afirma que já enfrentou problemas relacionados à saúde mental.
“Essa descoberta pode estar conectada aos estresses da fase da vida e às diferentes expectativas de vida e trabalho, em comparação com os colegas mais velhos. E/ou pode ser fruto de uma maior consciência e compreensão da Geração Z sobre a sua própria saúde mental, além de uma maior vontade de pedir ajuda”, afirmou o presidente e cofundador da Fruitful Insights, Mike Tyler.
O espírito de coletividade
Sob outra perspectiva, embora eles sejam considerados os mais preocupados com o aspecto financeiro, a felicidade e a satisfação no emprego não estão relacionados apenas com o salário. Na realidade, eles se importam mais com fatores culturais, coletivos e com o bem-estar geral da equipe.
Quando questionados se as empresas tratam todos os funcionários de forma justa, independente de gênero, raça ou etnia, quatro em cada 10 funcionários da Geração Z (41%) discordaram ou responderam de maneira neutra. Os funcionários da Geração Z também consideram fundamentais os seguintes aspectos:
- Valorização no trabalho;
- Preocupação do empregador com o bem-estar;
- Confiança no negócio;
- Flexibilidade do trabalho remoto.
O último ponto citado levanta um debate fervoroso sobre o dilema existente entre a modalidade presencial – favorita de muitos líderes – e o trabalho híbrido – amplamente procurado pelos funcionários, sobretudo em um cenário de ameaças e demissões de empresas que exigem o retorno aos escritórios, como é o caso da gigante tecnológica Amazon.
A nível de comparação, em fevereiro de 2022, 39% das vagas oferecidas no Linkedin eram remotas. Após exatos 12 meses, o número reduziu para quase 25%, de acordo com dados do LinkedIn Economic Graph. No entanto, o interesse dos profissionais pela flexibilidade não desacelerou na mesma medida. Aproximadamente 45% dos zoomers gostariam de trabalhar em casa de dois a três dias por semana, o que suscita também implicações para a capacitação tecnológica da equipe.
Tal perspectiva pode ser desafiadora para as empresas, que lutam para manter os jovens, que já estão se tornando a maior força de trabalho do mundo. A Geração Z representará mais de um terço da população ativa em 2030, uma vez que os Baby Boomers – Geração X – estão cada vez mais próximos dos 60 anos e da aposentadoria.
(I)nativos digitais
Apesar de serem os reis do mundo digital, os funcionários do grupo Z sentem-se mais desligados das comunidades e mantêm pessoas de confiança ao redor. No relatório, há indicativos que relacionam tais problemáticas com a má utilização da tecnologia digital.
Embora os padrões flexíveis de trabalho e uma afinidade natural pela tecnologia possam oferecer muitas vantagens, eles também podem desenvolver sentimentos de isolamento para alguns, sugere o relatório.
“As empresas têm um papel vital a desempenhar no apoio ao bem-estar da Geração Z; proporcionando maior propósito e espírito de comunidade a este grupo, além de benefícios e serviços relevantes. É importante priorizar uma comunicação que não apenas conecta, mas que também contribui com condições para criar uma melhor cultura de bem-estar”, finaliza Mike Tyler.
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