É preciso fazer mais

Para a Today, José Renato Domingues escreve sobre a experiência de participar do Think Work Connections, ao lado de cerca de 50 executivos de RH de algumas das maiores empresas do país

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Foi um privilégio poder estar no Connections, evento presencial da Think Work realizado no interior de São Paulo que reuniu cerca de 50 executivos e executivas de RH, muitos convidados e palestrantes especiais, além do próprio time da Think Work e seus parceiros.

Essa comunidade de gestores de pessoas vem se aperfeiçoando, ampliando seu impacto e se tornando cada dia mais relevante para a saúde do mundo corporativo. São ações de engajamento para a força de trabalho, incríveis programas de atração e desenvolvimento de jovens com foco no propósito das empresas, criação de trilhas de carreiras amplas e sofisticadas que formam líderes mais robustos, sem descuidar do bem estar físico e mental de funcionários e seus familiares. 

Se trabalhar numa grande empresa era o sonho óbvio da geração de jovens dos anos 80 e 90, não é mais hoje. No entanto, esse grupo que lá estava para o evento tem feito tanto em seus negócios que aquele público mais atento ao mercado de trabalho já reconhece que trabalhar em corporações pode sim, ser tão interessante quanto empreender ou se juntar a uma startup.

Vi também a força das mulheres e de equipes diversas em várias dimensões mostrarem sua potência. Empreendedoras sociais como a Mônica Sampaio, fundadora da Santa Resistência – marca de moda engajada com a causa racial, negócios sofisticados de design e globalmente conectados com as tendências de futuro como a Elephant Skin, da incrível Giovana Driessen. Um café e espaço de convivência da Jessica Pereira e sua família, no qual os portadores de síndrome de down – como a própria Jessica – se desenvolvem e se integram ao mercado de trabalho, além da experiência de ser montanhista e executiva de finanças, relatada pela Elisangela Almeida e que hoje forma conselheiras de administração negras com a sua iniciativa C101.

Todos esses exemplos formaram uma imagem clara de que há espaço para crescer e impactar o mundo como quisermos. Os relatos foram lindos e poderosos.

Assim como é preciso reconhecer os avanços da prática de gestão de pessoas que dominou os processos referentes ao ofício de ser CHRO, expandiu a mentalidade dos executivos C-Level sobre a nobreza de desenvolver talentos e ocupou espaços de poder em conselhos e comitês de governança nas principais empresas, também devo apontar os espaços onde vejo que não se avançou tanto. 

Tecnologia, para mim, é um deles. Com a ameaça clara da substituição de seres humanos por robôs ou processos automatizados nas empresas e a já presença das inteligências artificiais em interação com humanos em muitos serviços, fica evidente que aqueles que entendem de gente precisam entender de tecnologia. Para poder dirigir essa inexorável substituição. Para poder decidir que as pessoas devem e precisam ser colocadas em funções onde o que é mais humano prevaleça: criatividade, julgamento, colaboração, relacionamento e troca emocional. 

Se os CHROs não se ocuparem disso, corremos o risco de continuar treinando pessoas para tarefas que, sim, serão executadas por máquinas em poucos anos e esses trabalhadores serão vítimas do avanço e da tecnologia. 

O que vai prevenir que isso aconteça é a alocação de humanos em tarefas de humanos. A sua preparação e seu desenvolvimento pleno como seres humanos e não o treinamento para tarefas repetitivas e burocráticas substituíveis. Quem lidera essa mudança é o CHRO em cada negócio.

Será preciso fazer mais: expandir fronteiras internas na empresa, buscar parcerias com o mundo da tecnologia fora da organização e será fundamental delegar funções e operações consolidadas na companhia para seu time. Tudo isso para que um CHRO possa se dedicar a essa transformação humanizadora que sustenta e torna a transformação digital mais produtiva e equilibrada, saudável e capaz de atrair talentos do futuro. 

Fazer mais não parece ser um desafio quando vejo o que foi realizado por esses colegas que respeito tanto e com quem voltei a conviver, dialogar, celebrar e colaborar nesses dias. Que essas conexões continuem gerando mais e mais agendas positivas e do bem como as que vi e aplaudi nesse evento.

José Renato Domingues

É conselheiro, executivo e investidor anjo em startups. Atua como conselheiro de administração em grandes empresas e é vice-presidente executivo na holding da Eletrobras. Escreve sobre as mudanças na sociedade para a Think Work.

 

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