“Funemployment”: pessoas se divertem antes de buscar novo emprego

Trocadilho com a palavra “unemployment”, que significa desemprego, o “funemployment” é a tendência em aproveitar o pós-demissão para se divertir e relaxar antes de voltar ao mercado definitivamente

Você já ouviu falar em “funemployment”? O termo ainda não tem uma tradução específica em português, mas é a união da palavra “unemployment”, que significa desemprego e “fun“, que significa diversão, em inglês. Já o “funemployment” seria algo como aproveitar o tempo sem emprego para fazer outras atividades, de forma divertida, libertadora e fortalecedora, em vez de ser algo deprimente e assustador, como geralmente encaramos as demissões.

A expressão descreve o momento pós-demissão (tanto pela empresa quanto pela própria pessoa) de um profissional que não está muito preocupado em encontrar um novo emprego o mais rápido possível. Nesse momento, ele está mais focado em aproveitar a sua folga, se divertir, aproveitar a família e os amigos e reavivar a sua criatividade. Claro que, em muitos casos, isso pressupõe também arranjar um trabalho temporário ou que não seja integral, para ajudar a pagar as contas ou manter as reservas equilibradas. 

A tendência não é nova, mas tem ficado mais em evidência, principalmente no TikTok e no Instagram, em um momento em que a preocupação com a saúde mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional está mais em evidência, principalmente entre os mais jovens da Geração Z.

Depois de uma pandemia que mudou as prioridades das pessoas sobre a vida, principalmente em relação ao trabalho, muitas pesquisas sugerem que os profissionais se sentem esgotados no trabalho, beirando o burnout, e insatisfeitos com seus empregos. Então, quando a oportunidade surge, ainda que seja imposta por uma demissão, faz sentido que eles a aproveitem para descansar e focar em outras atividades para além do que fizeram nos últimos anos. 

Uma pesquisa da ZipRecruiter de janeiro deste ano, por exemplo, mostrou que 28% dos trabalhadores que foram demitidos nos últimos meses disseram que planejavam fazer algum tipo de pausa antes de começar o próximo emprego. E isso pode até fazer sentido. 

Embora o fenômeno da great resignation, esteja mais brando, o mercado de trabalho nos Estados Unidos (onde o fenômeno do “funemployment” tem sido mais observado) parece forte, no geral. As demissões estão em baixa e há cerca de 1,8 empregos abertos para cada pessoa desempregada, segundo o Departamento do Trabalho do país. 

Em entrevista à Insider, a economista-chefe da ZipRecruiter, Julia Pollak, explicou que as lacunas no currículo não possuem mais o mesmo estigma e há trabalhos temporários que podem ajudar a ganhar um dinheiro extra, o que pode impulsionar o “funemployment” para algumas pessoas. 

“As pessoas agora têm mais liberdade para entrar e sair do mercado de trabalho”, disse. Mas o óbvio também precisa ser dito e Julia explica que isso só funciona para pessoas que tenham algum tipo de privilégio financeiro, uma vez que grande parte dos norte-americanos vive de salário em salário, o que faz com que a grande maioria das pessoas que perdem seus empregos procurem um novo imediatamente.

Entre os especialistas, esse fenômeno tem dividido um pouco as opiniões. Em um recente artigo de opinião para o Wall Street Journal, por exemplo, a Professora da NYU Suzy Welch disse que não tinha certeza se o “funemployment” era “brilhante ou maluco”.

Já o professor de comportamento organizacional na London Business School, Randall Peterson, disse à Insider que o movimento faz sentido, uma vez que um momento de reflexão é saudável, mas desde que “você não esteja apenas gastando dinheiro”.

“Há muito tempo temos essa ética de trabalho protestante, onde o trabalho é sua própria virtude e o trabalho árduo é parte integrante de uma vida bem vivida. Mas a pandemia deixou claro que o importante na vida são os relacionamentos. Muitas pessoas estão percebendo que o trabalho não é onde encontram mais significado”, declarou em entrevista à Insider.

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