Candidatos usam ChatGPT para escrever cartas de apresentação 

Uso da inteligência artificial ChatGPT por candidatos em processos seletivos tem sido encorajado como forma de facilitar o processo, que pode ser exaustivo

O processo de se candidatar a vagas de emprego pode ser exaustivo e tomar muito tempo: criar um currículo, responder questionários online, fazer testes de personalidade, idiomas e lógica e escrever cartas de apresentação. Isso tudo ainda é feito várias vezes, já que existem inúmeras plataformas de recrutamento. 

Mas, e se houvesse uma forma de agilizar parte desse processo? É isso que alguns candidatos têm feito. Eles descobriram que é possível utilizar o ChatGPT (robô virtual capaz de criar peças escritas sofisticadas) para escrever suas cartas de apresentação para vagas de emprego. 

A plataforma de inteligência artificial já vem sendo usada em várias áreas de trabalho para facilitar a rotina, como por desenvolvedores para escrever códigos simples e por advogados para criar documentos jurídicos. Agora, ela também se mostrou capaz de escrever cartas de apresentação que parecem ter sido escritas por pessoas reais.

Em redes sociais, como o Twitter e o TikTok, há diversos depoimentos de profissionais que utilizaram o chatbot para escrever suas cartas de apresentação. No geral, as avaliações são positivas, mas elas advertem que é preciso adicionar alguns toques pessoais para tornar a carta mais personalizada.

O uso do ChatGPT durante o processo de aplicação tem sido aprovado até por especialistas na gestão de talentos. O CEO da consultoria de carreiras Wonsulting, Jonathan Javier, recomendou a prática em um vídeo do TikTok. 

Em entrevista à Money, ele defende que “como alguém que está procurando emprego, a pessoa só tem um tempo limitado para se aplicar”. Para Javier, é melhor que o candidato gaste mais tempo criando um currículo incrível do que escrevendo uma carta de apresentação, que, segundo ele, é a parte da aplicação que os contratantes são mais propensos a ignorar. 

Por outro lado, há quem seja contra a prática. Alison Green, criadora do site Ask a Manager, acredita que a questão seja menos sobre ética e mais sobre inteligência. “O que faz uma carta de apresentação se destacar são as histórias pessoais e as experiências que quem está aplicando pode trazer — e um robô não pode inventar essas coisas”, disse à Money. 

A novidade do ChatGPT, tanto em relação à capacidade da ferramenta quanto ao seu pouco tempo de existência, ainda irá gerar diversos debates em quase todas as áreas de atuação. 

Essas discussões já se iniciaram na academia, com docentes e alunos debatendo os limites do plágio diante de uma inteligência artificial capaz de gerar conteúdos escritos inéditos e que não são, necessariamente, cópias. É provável que, com o avanço de ferramentas como o ChatGPT, a própria definição de plágio tenha que ser redefinida.

“Se plágio é roubar de uma pessoa, então eu não tenho certeza se, no caso do ChatGPT, nós temos uma pessoa que está sendo roubada”, disse à Wired a conselheira da Universidade de Brown, Emily Hipchen.

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