Evento reúne lideranças e profissionais de RH em São Paulo para discutir inovação, impacto social, inteligência artificial e os novos papéis do RH nas organizações
*Cobertura do evento: Simone Costa
“O RH não era capaz de inovar.” Foi dessa provocação incômoda que nasceu a Think Work. E também o Think Days, evento presencial que começou o dia de ontem reunindo lideranças para debater o futuro do trabalho, da inovação e da gestão de pessoas.
A abertura com Tatiana Sendin e Matthias Wegener, fundadores da Think Work, relembrou como a iniciativa surgiu a partir do desejo de valorizar ideias transformadoras, mesmo quando ainda não estão perfeitas. “Queríamos fugir da lógica de premiar só os líderes. A gente queria reconhecer as equipes”, destacou Matthias.
Insights dos líderes Legacy
No painel com vencedores do Prêmio Think Work Legacy, Roberta Faria (MOL) falou sobre as mudanças internas impulsionadas pela cultura de impacto da empresa, como a licença parental estendida, a licença menstrual e a implantação da semana de quatro dias (com 80% do tempo, 100% do salário e produtividade mantida). Como aprendizado, Roberta destacou a importância de contar com consultorias especializadas e ter métricas claras para orientar a implantação.
Rodrigo Ventre (EPPO) compartilhou os avanços após a adoção da autogestão. “Fazer um processo de autogestão é algo que traz medo porque as pessoas ficam preocupadas com o que vai acontecer com as estruturas e cargos”, afirmou. Mas os resultados mostraram que valeu a pena: de 2018 a 2024, o turnover caiu pela metade e as ações trabalhistas reduziram 46%.
Já Lívio Kuze (InterCement) reforçou a importância do diagnóstico profundo como base para qualquer transformação: “Não existe estratégia e profissionais motivados sem passar um processo profundo de conhecimento das pessoas. É preciso conhecer o ponto de partida individual de todos que vão trilhar o caminho com você.”
Tecnologia, narrativas e inovação aplicada
À tarde, Felipe Romero (Sorocaba Refrescos) mostrou como a pandemia exigiu uma virada digital urgente. O caminho foi conhecer melhor as pessoas e mapear talentos com people analytics.
Marcela Ziliotto (Pipo) refletiu sobre os três prêmios recebidos no Think Work Innovations, principal premiação da inovação no setor, e defendeu uma atuação mais estratégica do RH. “Como vou colaborar com o líder se não sei a dor dele?”, questionou. Para ela, engajamento vem da clareza: “As pessoas precisam entender sobre como são as avaliações dela na empresa e como aquela experiência gera resultados para o negócio.”
Fechando o dia, Ana Frattini, da Unicamp, falou sobre a atuação da universidade no fomento à inovação aplicada, como o Distrito de Inovação de 4ª Geração. “Não se faz inovação sozinho”, destacou.
Estudiosa da inteligência artificial há quase 30 anos, ela reforçou a importância de criar políticas internas para garantir o uso ético da tecnologia: “A IA é um acúmulo de informações. Lógico que ela será melhor que eu em algumas coisas, mas para a criatividade não. Temos de gerar políticas para ela dentro das empresas.”
E entre uma palestra e outra, o clima foi de conexão — literalmente. O “Bingo do Networking” virou uma atividade leve e divertida que incentivou conversas sinceras e trocas inesperadas entre os participantes, além de muitos contatos.