Batalha do presencial x remoto escala para ameaças e demissões

Novo capítulo da batalha presencial x remoto mostra endurecimento de medidas por parte das empresas que desejam a volta aos escritórios

Se por um lado os adeptos do trabalho remoto continuam insistindo no modelo, por outro, muitos líderes ainda têm dificuldades para pensar fora da caixa (e do escritório) e vêm endurecendo as penalidades para aqueles que discordam da volta presencial às empresas. Mas apostar em novas formas de trabalho – que vão além das convenções e costumes tradicionais do cara-a-cara – pode ajudar a criar uma cultura organizacional positiva dentro das companhias.

Trabalhar sem barreiras, incluindo as de geolocalização, pode levar as empresas a irem além dos seus próprios limites. É o que revela o relatório de Transformação Digital da América Latina de 2022. A pesquisa indica que os empreendimentos em regime 100% remoto conquistaram uma produtividade 63% maior em comparação às companhias que permitem a realização de menos de um quarto das atividades em casa (22%). Ainda assim, executivos de grandes corporações estão tomando medidas cada vez mais drásticas para obter o controle presencial dos trabalhadores.

Presencial ou guerra

Gigantes como a Amazon, Nike e Zoom – destaque do home office na pandemia – exigem frequentemente o retorno aos escritórios. Em fevereiro, a dona do Prime Video solicitou a volta dos trabalhadores ao presencial por, no mínimo, três dias na semana. A medida foi reforçada nos últimos dias com o envio de e-mails semanais cobrando a presença na empresa e a criação de dashboards que disponibilizam para todos os funcionários dados da adesão à ordem de acordo com cada trabalhador.

Além disso, os gerentes da Amazon foram autorizados a realizar demissões em caso de descumprimento. A mesma abordagem foi adotada pela Roblox, multiplataforma de jogos. Em outubro, a companhia reverteu a política de trabalho flexível e ameaçou a demissão dos que fugissem ao presencial, imposto também em três vezes na semana. 

Muitas decisões de gerentes levam em conta estudos como o da Universidade de Stanford, que cita desafios na comunicação e coordenação do trabalho remoto, diminuição de novas conexões profissionais e da criatividade, devido às distrações e a falta de orientação com feedbacks. A análise concluiu uma redução de 10% a 20% na produtividade no trabalho remoto, a depender de fatores complementares.

Independente dos dados, grande parte dos especialistas acredita que os líderes devem focar em impulsionar a satisfação dos funcionários no ambiente de trabalho, seja em casa, na praia ou no escritório. Para o CEO da EZPR, agência norte americana de relações públicas de tecnologia e negócios, Ed Zitron, “a verdadeira gestão assume a responsabilidade e toma decisões ponderadas com base no que torna uma empresa mais forte. É importante construir uma empresa onde as pessoas realmente querem trabalhar, com senso de comunidade”.

“O impulso de retorno ao cargo é uma tentativa de “soft layoff – instituindo políticas irracionais para fazer as pessoas desistirem (ou aceitarem a demissão)”, sugere Ed.

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