Grupos mais afetados pelas demissões em startups seriam parte das minorias
A crise nas startups e empresas de tecnologia, que tem gerado uma onda de demissões, pode desfazer o progresso modesto que essas companhias fizeram em prol da diversidade. Isso porque, muitas vezes, os cargos para os quais grupos historicamente sub-representados são contratados tendem a ser vistos como os mais dispensáveis.
Na Amazon, por exemplo, os cargos com mais diversidade são da área de atendimento ao cliente, hierarquicamente vistos como inferiores na companhia. Certos setores nas empresas considerados menos essenciais para o negócio, como sucesso do cliente, comunicação e marketing, também tendem a ter mais mulheres e minorias étnicas em comparação com as áreas de engenharia, conforme reportou a Wired.
“Um engenheiro homem será contratado para uma posição de desenvolvedor, e uma mulher engenheira será contratada para um emprego de interface com o usuário, enquanto que é a área de desenvolvimento que será vista como uma das posições de maior status“, disse Sarah Kaplan, diretora do Instituto de Gênero e Economia na escola de negócios Rotman, da Universidade de Toronto, em entrevista à Wired. “Mesmo que as empresas tenham tentado avançar, esse avanço não tem sido sempre nas áreas de maior status e com os maiores salários”.
Fora isso, ao congelar salários e processos seletivos, as companhias também podem diminuir as ações de inclusão de mais profissionais diversos. Já em 2018, um estudo do Pew Reseach mostrava que as empresas de tecnologia estavam entre as menos diversas no setor ligado às areas STEM (ciência, tecnologia, engenharias e matemática).
Em momentos de crise, as empresas costumam se orientar apenas por números. Mas, em um mundo em que o ESG é sigla importante também para os negócios, levar em consideração os aspectos sociais dessas decisões é fundamental a longo prazo – inclusive nas demissões em startups.