A Dell anuncia que funcionários em trabalho remoto não serão considerados em promoções nem poderão se candidatar a novas posições

A gigante da tecnologia Dell está enfrentando uma reação interna após anunciar restrições ao modelo de trabalho remoto. A partir de maio, os funcionários que optarem por continuar em home office não serão considerados para promoções.

O anúncio faz parte da estratégia da companhia de trazer os profissionais de volta ao escritório. Pela política, que entrará em vigor em maio, os funcionários poderão escolher entre os regimes remoto ou híbrido. Os últimos serão obrigados a comparecer ao local de trabalho pelo menos três vezes por semana, enquanto os primeiros não terão progressão de carreira, sendo excluídos de promoções e impedidos de se candidatar a novas posições dentro da organização.

A Dell defende a mudança, afirmando em um comunicado: “Acreditamos que conexões pessoais aliadas a uma abordagem flexível são fundamentais para impulsionar a inovação e a diferenciação de valor”.

No entanto, a notícia das restrições da Dell contra o remoto foi mal recebida por seus empregados. Um deles disse ao site Business Insider que toda a empresa estaria reclamando da medida atrás das portas.

Alguns funcionários veem a nova regra como uma estratégia da fabricante de PCs para forçar os trabalhadores a pedir demissão, um fenômeno conhecido no mercado como “quiet firing“.

Em fevereiro, a Dell cortou cerca de 5% de sua força de trabalho, ou 6.600 pessoas, devido à queda nas vendas de PCs.

Impacto na produtividade

Uma pesquisa recente da Think Work, com 135 trabalhadores, indica que o modelo de trabalho híbrido continua forte no Brasil, com 63% dos respondentes neste esquema. A maior parte dos participantes (23%) vai pelo menos dois dias por semana à empresa, seguida por 21% que batem cartão no escritório ao menos três dias por semana.

Quase metade (46%) tem sentindo uma maior pressão da companhia para comparecer mais dias ao trabalho presencial. Mas, se pudessem escolher, mais da metade das pessoas mudaria seu modelo de jornada, ficando mais dias em casa.

Entre os insatisfeitos com o modelo de jornada atual, 57% cogitam mudar de emprego, sendo que 20% estão ativamente procurando outra oportunidade. No total de respondentes, 63% acreditam que a discussão sobre o retorno ao presencial interfere em sua produtividade.