Manifesto de carreira: entenda por que as empresas devem ter um

Para a Today, Rafael Souto escreve sobre como o manifesto de carreira deve substituir o papel dos planos de carreira nas empresas

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“Vocês oferecem plano de carreira?” Até o fim dos anos 1990, essa era uma pergunta não só pertinente como recomendável para um candidato fazer numa entrevista de emprego.

Há alguns anos, ela não faz mais sentido algum. Mas basta conversar com um recrutador para ter a confirmação de que, sim, muitos profissionais ainda levam esse questionamento para a sala de entrevistas.

O plano de carreira oferecido pela empresa é peça de museu. Hoje em dia, a construção do plano e da carreira só pode ser feita pelo indivíduo. A imprevisibilidade, fruto das rápidas mudanças no mercado e na sociedade, tornou impossível a oferta de um plano com rota previsível e linear de carreira. No entanto, é natural que a conscientização sobre as transformações no mundo do trabalho e seus efeitos na evolução de carreira dos profissionais seja gradual. 

Mudanças de paradigma levam tempo e estamos diante de uma profunda mudança cultural nas empresas. O modelo de emprego baseado em comando e controle da organização vigorou por cerca de uma centena anos. Por isso, a mentalidade arraigada na busca por um plano de carreira estruturado persiste mesmo em meio à evidente fluidez do mercado de trabalho.

Para que os profissionais compreendam essa nova dinâmica e se preparem para uma carreira mais flexível e adaptável, a orientação e o fornecimento de ferramentas são essenciais.

Vivemos um período de forte demanda por educação sobre carreira. Definir, organizar e comunicar as práticas internas relacionadas à evolução profissional é um importante passo para a adoção de modelos de carreira mais conectados à atualidade.

Uma ferramenta relevante para empresas nesse processo de mudança cultural tem sido a produção de um manifesto de carreira.  O documento é um conjunto de diretrizes sobre o assunto e o principal objetivo é organizar a visão da organização sobre o tema carreira. O manifesto formaliza a intenção da empresa, define os papéis e norteia a atuação da liderança

Do ponto de vista dos indivíduos, o manifesto pode ser um balizador da tomada de decisão em eventuais propostas de emprego. O tratamento dado por uma organização à jornada de carreira dos seus funcionários tem sido crucial na análise de um potencial empregador. Um recente estudo da Mercer indicou que as empresas que investem em desenvolvimento de carreira têm uma taxa de rotatividade 34% menor do que as que não investem.

A Produtive tem apoiado diversas empresas na construção desse manifesto e uma das suas premissas é a colaboração. Ele não pode ser uma imposição do RH, deve ser fruto de uma construção coletiva, entre pessoas da área de recursos humanos e líderes influentes. É importante constituir um time representativo da organização e promover debates sobre o assunto.

Dessas discussões podem surgir as questões importantes sobre a percepção dos indivíduos sobre as oportunidades de carreira e desenvolvimento oferecidas pelas organizações. Temas como a livre-movimentação de talentos e segurança psicológica têm aparecido nos workshops que temos conduzido. Esses apontamentos são indicativos relevantes de tópicos que devem entrar no texto do documento.

O manifesto de carreira desempenha um papel crucial ao definir e resguardar os papéis e responsabilidades relacionados ao desenvolvimento profissional. Apesar da clareza que o departamento de Recursos Humanos possa ter em relação aos papéis dos trabalhadores, líderes e da área de gestão de pessoas, nem sempre há total alinhamento entre eles. 

Após os debates, uma das pessoas responsáveis pela condução das reuniões deve redigir os conceitos gerais e apresentar, dando sequência à elaboração do manifesto. Nossa sugestão é que o manifesto comece com a definição do conceito de carreira e na sequência traga os papéis de cada um nessa caminhada. 

Na Produtive, defendemos que o indivíduo é o protagonista da sua carreira e o líder um apoiador, educador e conselheiro no processo de desenvolvimento. À organização cabe o amparo nesse processo. Respondendo a pergunta do candidato do começo do artigo, a empresa não fornece o plano de carreira pronto, mas dá as ferramentas e recursos necessários para que os profissionais construam o seu próprio caminho. 

Assista ao Manifesto de Carreira da Produtive clicando aqui.

<strong>Rafael Souto</strong>
Rafael Souto

Fundador e CEO da Produtive Carreira e Conexões com o Mercado e membro do conselho da AMCHAM, é referência nacional no tema carreira e ministra palestras sobre o assunto.

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