Para a Today, José Renato Domingues escreve sobre as possibilidades e vantagens que a tecnologia traz aos CHROs e ao RH
Os processos de pagamento, de gestão de benefícios e de recrutamento de talentos já estão em rápida migração para soluções digitais e automatizadas. Os dashboards para o CHRO, sua equipe e para os gestores da empresa, facilitando a visualização de KPIs típicos relativos à gestão de pessoas e equipes também já são uma realidade em muitas das empresas no Brasil e no mundo.
Empresas provedoras dessas soluções vão desde gigantes globais de software como SAP até as menores startups locais que se dedicam a resolver problemas específicos de um determinado mercado. Um exemplo é a Intcom, HR tech que melhora a eficiência das empresas onde há necessidade de turnos flexíveis e horários e esquemas de trabalho especiais, como em plataformas de óleo e gás, empresas de navegação ou em projetos de construção de infraestrutura, como rodovias, portos e parques industriais.
Soluções mais sofisticadas, baseadas em análise preditiva usando massas enormes de dados também começam a ser implementadas, tais como planejamento sucessório e análise de performance dos indivíduos e equipes em comparação com a performance de unidades de negócio e da corporação.
Essas soluções apoiam decisões estratégicas de alocação de orçamento, de dimensionamento organizacional e de contratação de serviços por horizontes mais extensos, de três a cinco anos, facilitando tanto a gestão quanto os conselhos em temas relativos a pessoas e investimentos.
Mas esse uso intensivo e crescente de tecnologia pelos CHROs passa por um momento no qual se questiona as competências dos profissionais de gestão de pessoas e seus times em serem protagonistas dessa prática.
Em minhas mentorias, tenho percebido dúvidas sobre se os CHROs deveriam trazer uma pessoa com habilidades tecnológicas para sua equipe, se deveriam se educar e aprender mais sobre tecnologia em cursos ou através de projetos de consultoria ou se os CEOs deveriam trazer profissionais com experiência em tech para estarem à frente dos RHs de seus negócios.
Minha recomendação tem sido a de avaliar de forma ampla as competências do CHRO em questão. Analisar primeiro se tem a mentalidade necessária para tomar decisões sobre tecnologia, ou seja, se parte de um raciocínio digital ao invés de pensar primeiro em soluções analógicas e tradicionais.
Se a resposta for não, o treinamento e a capacitação para isso será muito difícil, custosa e tomará muito tempo. Em geral, a empresa não tem esse tempo. Se a resposta for sim, uma parceria entre o CIO (Chief Information Officer) e o CHRO – através de projetos conjuntos e compartilhados – vai ser a saída mais rápida e de melhor resultado, pois implica em colaboração estreita – solução que gera impactos positivos na cultura organizacional de qualquer empresa.
Para vocês, leitores da ThinkWork, essa aceleração da aprendizagem digital, o uso constante de uma perspectiva tecnológica e a aplicação de soluções intensivas em tecnologia já começou há alguns anos e continuará se ampliando.
Para seus sucessores na empresa, para seus pares no comitê executivo, para os integrantes do conselho de administração na sua empresa, talvez ainda não. Invista tempo, dinheiro e sua energia nessa agenda. Ela é a garantia de sua longevidade profissional como líder da gestão de pessoas e ela é seu passaporte para influenciar mais as decisões de negócio nas quais você está inserido.
Por fim, falando dos provedores nesse mercado, vale ressaltar que as grandes empresas de consultoria e de software saberão muito bem ajudar a criar uma agenda tech para os temas de pessoas junto com você e sua equipe. E serão excelentes parceiros na implementação. Mas ficará com você a responsabilidade de priorizar suas entregas e controlar a execução.
Também será você o responsável por mostrar os resultados da entrega e os ganhos de eficiência e de custos que essas alternativas trazem. Só você em sua empresa é capaz de saber o que é importante capturar como resultado. Não delegue esse dever!
Já as HR techs são excelentes parceiros para aquilo que precisa ser feito mais customizado e com precisão maior. Produtos educacionais ágeis que as Edu techs entregam são um bom exemplo. Elas são ótimas parceiras, mas sem as habilidades necessárias de comunicação com o mundo corporativo. Isso é um risco que você precisa avaliar e mitigar.
Mas obviamente você não está envolvido somente em transformação digital de sua área funcional, certo? Portanto, sua interface com todo o mundo tech precisa ser ampliada, trabalhando com startups que aceleram processos judiciais (law techs), outras que facilitam pagamentos e recebimentos (fintechs) e algumas que inovam na gestão de ativos, em vendas ou em marketing.
Se na sua agenda de 2023 ainda não tem dias dedicados a visitar, interagir e trabalhar com hubs de inovação, a boa notícia é que você ainda tem muitos meses pela frente. Vá e leve sua melhor mentalidade de aprendiz, mas também demandas concretas que você tenha. Divirta-se, socialize e crie vínculos com os líderes desses hubs. É assim que eles medem seu interesse por eles e pelo que fazem. Boa jornada tech pra você!