Consciência Cultural, skill essencial à gestão na Nova Economia

Ter a também chamada Cultural Awareness é ir além do simples entendimento das diferenças. É vivenciá-las, adaptar-se e aprender com elas

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O mundo de hoje é uma tapeçaria intrincada, tecida com fios de diversas culturas. As empresas têm se expandido para além das fronteiras nacionais, transformando-se em caldeirões de nacionalidades, etnias e tradições. Diante deste cenário, emerge um conceito (e skill) com o qual todo líder deve estar familiarizado para a gestão na Nova Economia: Consciência Cultural ou Cultural Awareness.

O que é Cultural Awareness?

A Consciência Cultural é a capacidade de reconhecer e entender as diferenças e semelhanças culturais entre as pessoas. É a capacidade de perceber que a cultura de uma pessoa pode influenciar seus valores, comportamentos, crenças e percepções. Mais do que apenas reconhecer essas diferenças, trata-se de valorizá-las e utilizá-las para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e produtivo.

Por que é tão importante?

Em um mercado de trabalho globalizado, entender e valorizar as diferenças entre grupos sociais pode ser a chave para o sucesso de uma organização. Desentendimentos decorrentes de nuances culturais podem ser facilmente evitados com um pouco de consciência.

Eu já visitei mais de 45 países e morei na França, Malásia e agora China. Minha experiência em Paris é um testemunho disso. Sob a liderança de uma gestora inclusiva, nossa equipe de diversas nacionalidades se reuniu para celebrar. 

A primeira tentativa de um evento social foi uma festa tradicional francesa que não agradou a todos. As pessoas não se integraram e os indianos quase não comeram, pois a maioria era vegetariana. 

No entanto, no ano seguinte, a escolha de um “junta prato”, em que todos foram convidados a levar comidas típicas de seu país, demonstrou a força da inclusão e da consciência cultural, melhorando significativamente a atmosfera do escritório.

Consciência Cultural: uma jornada pessoal

Mergulhar na cultura chinesa tem sido uma lição diária para mim. Apesar de não falar chinês, adaptei-me gradualmente à vida em Pequim. A tecnologia, aliada à determinação, tem sido crucial para superar a barreira do idioma.

Minha imersão na vida cotidiana de Pequim revelou-me aspectos profundos da cultura chinesa, desde o impacto da política do filho único até a meritocracia inerente ao sistema educacional do país. Todos os dias corro no parque e observo as pessoas. Vejo os casais idosos cuidando do netinho e pais treinando os filhos na ginástica funcional aos sábados ou domingos – treinando mesmo, e não brincando com eles.

Mas o que isso tem a ver com cultural awareness? Estas simples observações do dia dia fizeram-me ver, na prática, exemplos dos efeitos de políticas públicas. 

A prevalência de avós cuidando dos netos nos parques é um reflexo direto da política do filho único e da ausência de creches públicas. Coisa que já vai mudar, pois essa política foi extinta e o governo vai investir em creches, por dois motivos: assegurar a participação da mulher no mercado de trabalho e formar profissionais criativos, investindo na primeira infância, que é quando se molda a capacidade cognitiva do indivíduo. 

E por que os pais treinam os filhos? A China é um país de 1 bilhão de pessoas, onde não basta ser bom aluno, você tem que ser o melhor para entrar nas melhores universidades e fazer parte de um grupo seleto, como o de Tsinghua, a universidade em que estudo. Assim, seu futuro estaria teoricamente garantido.

Esse é só um dos exemplos de como ter cultural awareness é importante para a leitura dos ambientes.

Conclusão

A consciência cultural vai além do simples entendimento das diferenças. Envolve vivenciá-las, adaptar-se e aprender com elas. Para gestores, promover essa consciência no ambiente de trabalho é crucial para o sucesso em um mundo globalizado.

Conforme as empresas se expandem e se diversificam, a consciência cultural torna-se uma necessidade inegável. E, como aprendi nas ruas de Pequim, a verdadeira compreensão advém não apenas do conhecimento, mas da experiência e da imersão. É uma jornada que vale cada passo.

Elisangela Almeida

Executiva financeira com mais de 20 anos de experiência, conselheira de administração sobre planejamento financeiro e estratégico e co-fundadora do Conselheira 101 e do W-CFO

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