Parceria estratégica entre RH e CEO é crucial para a construção de um futuro empresarial sustentável e bem-sucedido, segundo Rafael Souto
O cenário empresarial contemporâneo, marcado por disrupções tecnológicas constantes e uma crescente competição global, exige mais do que nunca uma visão estratégica e integrada.
Não à toa, o termo RH Estratégico é um dos mais mencionados no universo da gestão de pessoas já há alguns anos. Empresas que visam prosperar no futuro entendem que a parceria estratégica entre o RH e o CEO não é apenas benéfica, mas absolutamente crucial para o sucesso.
A Society for Human Resource Management (SHRM), em um artigo recente intitulado An HR Manager’s Guide to Forging Strong C-Suite Relationships [Um guia para o gerente de RH estabelecer relacionamentos sólidos com executivos, em tradução livre], destaca os desafios enfrentados por gestores de RH em posições de alta liderança.
O artigo evidencia a necessidade de navegar relações complexas com o C-level e construir consensos entre personalidades fortes com prioridades distintas. A ideia não é apenas “ter autoridade”, mas sim “o poder de influenciar”.
Ignorar essa dinâmica é um erro estratégico grave. O CEO que não vê o RH como um parceiro estratégico, com insights essenciais sobre a organização, está cego para um dos ativos mais valiosos da empresa: seus colaboradores.
Afinal, quem melhor que o RH para entender as necessidades, motivações e preocupações da equipe? E quem melhor que o CEO para traduzir essa compreensão em estratégias que fundamentem as ações de atração, retenção e desenvolvimento de talentos?
A falta dessa sinergia resulta em decisões equivocadas. Sem o input do RH, o CEO corre o risco de definir metas irreais, implementar políticas desvinculadas da realidade da empresa e, consequentemente, comprometer o engajamento e a produtividade. A retenção de talentos, especialmente os mais qualificados, fica ameaçada. O clima organizacional sofre, prejudicando o bem-estar e o senso de propósito dos funcionários.
Em tempos de transformação digital, a fragilidade da parceria RH-CEO se torna ainda mais evidente. A adaptação a novas tecnologias e modelos de trabalho exige uma profunda compreensão da força de trabalho.
A Gartner entrevistou 416 CEOs e outros líderes de negócios seniores e descobriu que a força de trabalho é a terceira prioridade de negócios mais importante para o biênio 2024-2025, atrás apenas de crescimento e tecnologia. O RH precisa estar ao lado do CEO não apenas como um executor de tarefas, mas como um consultor estratégico, capaz de conduzir a mudança e garantir a preparação da equipe para o futuro.
A colaboração efetiva pressupõe um entendimento mútuo, alinhamento de objetivos e um fluxo constante de comunicação. A SHRM, no artigo citado, reforça a importância da construção proativa de parcerias, do envolvimento em projetos diversos e da escuta ativa como ferramentas para a construção de relacionamentos sólidos.
Não se trata apenas de compartilhar informações, mas de construir uma compreensão profunda das prioridades e desafios de cada área. Afinal, o objetivo é comum: o sucesso da organização.
Em resumo, a parceria estratégica entre RH e CEO não é uma questão de “departamentalização”, mas sim um fator determinante para a construção de um futuro empresarial sustentável e bem-sucedido. Aquele que entender isso primeiro terá uma grande vantagem competitiva.