Devido a crise que eleva o custo de vida no país, gestores do Reino Unido relatam aumento do estresse, ansiedade e absenteísmo nas empresas

Uma pesquisa do instituto Chartered Management, com mais de 1.000 gestores do Reino Unido, mostrou que 71% dos participantes já estão sentindo evidências de que a crise no custo de vida está aumentando os níveis de estresse e ansiedade dos profissionais no país.

Dois em cada três líderes que responderam o estudo identificaram inclusive o aumento do absenteísmo entre os funcionários. Ao todo, 66% disseram que o cenário está impactando diretamente a produtividade das companhias.

Mais de 40% dos líderes relataram mais distração, menos foco e atenção aos detalhes em suas equipes, um em cada três identificaram aumento no número de afastamentos por questões de saúde e 31% perceberam maior relutância dos trabalhadores ao assumirem mais tarefas.

Desde a saída da União Europeia, em 2017, os britânicos vêm enfrentando severos problemas econômicos, como inflação, desemprego e desabastecimento. A pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia só pioraram as coisas, fazendo uma pressão ainda maior sobre o orçamento dos trabalhadores.

A Citizens Advice, uma organização independente especializada em auxiliar cidadãos do Reino Unido com problemas legais, financeiros, de consumo e habitação, anunciou que o número de pedidos de ajuda aumentou 50% se comparado com o mesmo período do ano passado. Grande parte das solicitações, diz a instituição, são de trabalhadores que não conseguem mais pagar as contas do mês.

Anthony Painter, diretor do Chartered Management, ressaltou a extensão do problema trazida pelos resultados do estudo em entrevista ao periódico The Guardian. “A proporção da crise, além da forma que ela vai refletindo em outras áreas, foi uma surpresa para nós”.

“Parece ser uma questão que se retroalimenta: pessoas estão enfrentando grandes preocupações financeiras, o que afeta a capacidade deles de analisar e lidar com os problemas, o que atrapalha o rendimento no trabalho”, disse Anthony.

Para Frances O’Grady, presidente do Trades Union Congress, uma federação que une os sindicatos do Reino Unido, a forma que os trabalhadores estão lidando com a crise financeira não deveria ser uma surpresa. “Famílias inteiras de trabalhadores britânicos não param de pensar em como vão conseguir pagar as contas e colocar comida na mesa. Isso não é qualquer coisa, não é um problema que você pode simplesmente ignorar”, afirma.