Empresas investem em contratar, mas não em treinar jovens

Projetos de desenvolvimento de jovens talentos caíram de meros 6% para 4% dos inscritos no Prêmio Innovations, de uma edição para outra, e se concentram em modelos já antigos

A Geração Z, dos nativos digitais surgidos a partir de 1995, já chegou ao mercado. E até 2030 deve preencher um terço das equipes das empresas. Inovar nos programas para recebê-los, desenvolvê-los e retê-los, porém, está longe das prioridades das companhias. Na primeira edição do Prêmio Think Work Flash Innovations, em 2022, apenas 6% das iniciativas inscritas eram ligadas ao desenvolvimento de jovens. Na edição seguinte, de 2023, a fatia caiu ainda mais, para 4%.

A baixa dedicação ao tema também é percebida pelos programas realizados. Não há nada original – é como se as empresas só fizessem o básico, como se vê, abaixo, pelos projetos de desenvolvimento de jovens inscritos no Innovations em 2023:

  • Estágio (86%);
  • Jovem Aprendiz (64%);
  • Trainee (36%);
  • Jovens Talentos (36%).

A parte boa a destacar é que existe, sim, um olhar para o jovem talento entre as empresas certificadas na premiação: todas oferecem rotinas estruturadas de treinamentos para os mais novos. Entre as não certificadas, o número também é alto: chega aos 70%.

E os programas, mesmo que não sejam inovadores, cumprem aquilo a que se propõem: nas empresas que inscreveram projetos em 2022, 53% dos jovens foram efetivados depois de participar dos programas de desenvolvimento, um índice que aponta para resultados positivos em termos de aproveitamento, capacitação e efetivação.

Start no desenvolvimento de jovens

Na Totvs, fornecedora de soluções digitais para empresas, o sinal mostrou-se verde para a contratação em 2023. O Start Tech, iniciativa da marca para o recrutamento de jovens ao mercado de trabalho, já na primeira edição auxiliou 65% dos inscritos a conseguir uma colocação.

Em um programa de formação técnica, os novos talentos tiveram aulas presenciais de habilidades técnicas, programação e banco de dados, além de conteúdos comportamentais sobre carreira, agilidade e negócios. Todos os participantes tiveram o acompanhamento de funcionários da empresa, que deram atenção especial a pessoas com deficiência (PCDs) e em situação de vulnerabilidade social sem experiência profissional.

Ao final da capacitação, em abril de 2023, os alunos certificados (96%) foram encaminhados para processos seletivos da companhia ou recomendados a parceiros e clientes.

Currículo de erros

O mesmo caminho de ingresso orientado no mercado de trabalho é seguido desde 2018 pela empresa de logística Next Shipping, que mira pessoas sem experiência ou com até um ano no mercado de trabalho.

Aqui, a inscrição dos interessados se dá pelo cadastro de um “currículo de falhas”, em que listam seus principais erros e aprendizados. O método permite individualizar o desenvolvimento dos candidatos, que recebem feedback para melhorar os pontos elencados no “currículo”.

Ao final da edição de 2021, 24 pessoas foram contratadas, e todas com um desempenho acima de 80% nas avaliações dos gestores após a efetivação.

O mesmo caminho de ingresso facilitado para os jovens no mercado de trabalho é seguido pela empresa de logística Next Shipping desde 2018. Com um “currículo de falhas”, os candidatos às vagas da empresa listam os principais erros e os aprendizados que já obtiveram para serem avaliados.

Emprego não é sinônimo de inovação

Aqueles que ainda não traçaram a sua rota no mercado de trabalho também são reconhecidos pela YouX Group, empresa da Tecnologia da Informação (TI). A companhia oferece oportunidades para que estudantes da rede pública saiam do ensino médio com um contrato de emprego em mãos, além do diploma.

Iniciativa importante para a própria empresa, posto que os alunos de tecnologia estiveram entre os mais buscados para estágios em 2023, segundo o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). Há mais de 9,5 mil estagiários de tecnologia no Brasil.

Por nove meses, os estudantes passam por três etapas do YouX Lab, programa de mais de 600 horas de formação que concilia teoria e prática, com conteúdos de programação e metodologia ágil, além de soft skills – como comunicação, organização e gestão de tempo. A cada fase, os jovens passam por avaliação e recebem feedbacks.

Após o curso, há chance de contratação pela empresa ou por organizações parceiras.

Cenário pede inovação no desenvolvimento de jovens

Iniciativas como essas são não apenas positivas, mas necessárias, tanto para profissionais, quanto para empresas, que buscam repor seus quadros com bons profissionais.

Levantamento da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, alertou que 5,2 milhões de jovens entre 14 e 24 anos estão desempregados, o que corresponde a 55% das 9,4 milhões de pessoas nesta situação.

Enquanto a Geração Z luta para ocupar postos de trabalho e solicita uma reformulação da cultura organizacional das companhias, as empresas devem responder no mesmo nível, disponibilizando programas de treinamento e desenvolvimento de jovens capazes de atender à dinâmica e flexibilidade da futura força de trabalho global.

Com as ferramentas certas em mãos, os donos do digital conseguirão mostrar o verdadeiro potencial da Geração que fazem parte se, claro, o esforço e a motivação para contribuir com a equipe forem suficientes para bancar uma entrada triunfal no mundo dos negócios.

Para conhecer mais pontos de destaque em inovação das empresas certificadas e saber quais são elas, acesse o nosso e-book do Think Work Flash Innovations 2023.

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