EUA e Reino Unido lideram ranking de trabalho remoto 

Segundo pesquisa, densidade habitacional, duração do isolamento social e normas culturais determinam intensidade do trabalho remoto em cada região; países asiáticos ocupam o fim do ranking

A intensidade do trabalho remoto pelo mundo atualmente depende de alguns fatores como a densidade habitacional da região, a duração dos confinamentos durante a pandemia da covid-19 e as normas culturais que determinam o quanto os trabalhadores podem lutar pela autonomia no local de trabalho. Esses elementos foram descobertos por um estudo feito por pesquisadores de Stanford, do Instituto Tecnológico Autônomo do México e pelo Instituto Ifo, que entrevistou mais de 42 mil pessoas em 34 países. 

Segundo a pesquisa, os países com os níveis mais altos de home office são o Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos. Nos EUA e no Reino Unido, os trabalhadores de todas as indústrias passaram entre cinco a seis dias remunerados por mês trabalhando de casa nesses últimos meses. Na Alemanha, o índice foi de quatro dias.

Os níveis mais baixos foram encontrados em países da Ásia, com a Coréia do Sul trabalhando remotamente menos de dois dias por mês, o Japão dois e Taiwan menos de três.

Para os pesquisadores, a habitação desempenha um papel importante na existência ou não do home office. O estudo aponta que nas zonas suburbanas dos Estados Unidos, onde as pessoas têm casas maiores e, por vezes, escritórios em casa, os trabalhadores têm demorado mais para voltar ao escritório. 

Já as cidades densamente povoadas, especialmente na Ásia, tendem a registar taxas de volta ao escritório mais elevadas, muitas vezes porque as pessoas têm dificuldade em serem produtivas em pequenos apartamentos partilhados com muitos membros da família.

“É realmente difícil trabalhar em casa, se você mora com um companheiro e tem um apartamento de um quarto. Tóquio, por exemplo, é um lugar onde os apartamentos são bastante modestos.”, disse José Maria Barrero, economista do Instituto Tecnológico Autónomo do México que ajudou a liderar o estudo global, em entrevista ao The New York Times

O estudo também mostrou que, além das diferenças habitacionais, os níveis de trabalho flexível atuais são afetados pela quantidade de tempo que uma região esteve em confinamento por causa da Covid. Em áreas do mundo que entraram e saíram repetidamente do isolamento, como algumas cidades norte-americanas, trabalhadores e empregadores tornaram-se mais habituados a rotinas de trabalho remoto. 

Isso porque tanto empresas quanto trabalhadores precisaram se preparar e se acostumar com o home office. As pessoas investiram em ambientes confortáveis ​​em casa, comprando cadeiras ergonômicas e outros itens de escritório, e as empresas criaram sistemas de gestão que medem o desempenho por entrega e não por tempo passado no escritório. 

“Houve muitos países na Ásia que controlaram muito bem as primeiras ondas de Covid, sem bloqueios prolongados. Eles não tiveram essa experiência em que tiveram que trabalhar meses a fio em casa e se adaptar a isso.”,  disse Barrero, ao The New York Times. 

Na Coreia do Sul, por exemplo, muitos trabalhadores nunca saíram dos seus escritórios, mesmo durante a pandemia da covid-19. 

Por fim, os especialistas também apontaram que muitas empresas estão preocupadas em atrair e reter talentos. Aquelas que estão em regiões onde o trabalho remoto ou híbrido se tornou comum, enfrentam dificuldade para estabelecer políticas rigorosas de volta ao escritório. 

Para Mark Ein, presidente da empresa de segurança no trabalho Kastle, que acompanhou os níveis de ocupação de escritórios norte-americanos com o estudo “Barômetro de volta ao trabalho”, as lideranças empresariais, como grupo, queriam que as pessoas voltassem de uma forma muito mais profunda.

“Na verdade, foram as pressões competitivas do mercado de trabalho e algumas normas culturais que impediram isso. O desejo de ter pessoas de volta entre os gestores de empresas é quase universal. É a capacidade de fazer isso que varia entre os países”, disse Mark ao The New York Times.

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