Silene Rodrigues, diretora de RH da Adidas, mostra como as empresas devem se adaptar para incluir pessoas neurodigerventes
No ambiente dinâmico das organizações modernas, a neurodiversidade está ganhando destaque como um fator crucial para a inclusão. Compreender e valorizar as diferentes formas como cada indivíduo processa informações e interage é essencial para um ambiente de trabalho acolhedor, onde todos possam prosperar.
A neurodiversidade abrange variações no funcionamento cerebral, incluindo autismo, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e dislexia. Ela reconhece que cada pessoa tem uma forma única de processar o mundo ao seu redor. Essas diferenças não são obstáculos, mas sim contribuições valiosas para a riqueza do ambiente de trabalho.
A neurodiversidade nem sempre é visível. Enquanto algumas pessoas possuem traços diagnosticáveis, outras não. Isso ressalta a necessidade de sensibilidade e uma abordagem inclusiva nas organizações.
Recentemente, durante um upskilling na Adidas, percebi que muitos processos de gestão de pessoas são desenhados para neurotípicos. Gestores com lacunas em relação à inclusão acabam menos preparados para apoiar profissionais neurodivergentes. Eu mesma, em processos seletivos, utilizo perguntas como “fale-me sobre uma vez em que você…”. Para neurodivergentes, esse formato pode ser especialmente difícil e exaustivo.
Quando falamos de bem-estar e gestão de pessoas, é fundamental lembrar que somos seres individuais. O que funciona para um pode ser estressante para outro. Acredito que oferecer escolhas e personalização é a melhor forma de harmonizar a vida pessoal e profissional. Se podemos oferecer customizações aos consumidores, por que não fazer o mesmo com nossos colaboradores?
Por que incluir a neurodiversidade?
- Perspectivas únicas: Neurodivergentes trazem abordagens inovadoras para resolução de problemas, criatividade e atenção aos detalhes.
- Diversidade de pensamento: Ter diferentes formas de processar informações impulsiona ideias inovadoras e a resolução de problemas.
- Resiliência e empatia: Equipes neurodiversas promovem uma cultura organizacional mais colaborativa e empática.
Ações práticas para a inclusão
- Treinamento: Oferecer capacitação sobre neurodiversidade para líderes e equipes de RH, quebrando estigmas.
- Flexibilidade na seleção: Permitir respostas por escrito ou oferecer mais tempo nas entrevistas pode tornar o processo mais inclusivo.
- Comunicação clara: Evitar ambiguidades, ser específico e fornecer informações antecipadas cria um ambiente mais confortável.
- Ambiente de trabalho personalizado: Permitir ajustes no ambiente, como locais mais silenciosos ou horários flexíveis, pode impactar positivamente o bem-estar.
- Avaliação justa: Adaptar as métricas para reconhecer diferentes formas de entrega e competências.
Mudança cultural
A inclusão da neurodiversidade vai além dos processos; é sobre promover uma mudança cultural. Ao valorizar a diversidade cognitiva, não só tornamos nossas empresas mais inclusivas, mas também mais inovadoras e preparadas para um mundo em constante mudança.