Sem capacitação digital, funcionários 50+ buscam a aposentadoria

A ausência de uma cultura organizacional que proporcione oportunidades de capacitação digital leva os trabalhadores mais velhos a buscarem a aposentadoria cada vez mais cedo

No mundo corporativo, a oportunidade de crescimento e capacitação profissional é amplamente buscada pelos trabalhadores, seja na hora de aceitar um novo emprego ou de se manter nele. Mesmo assim, em meio à Era Digital, as chances de desenvolvimento muitas vezes parecem escassas. Os profissionais mais velhos estão dispostos a aprender, mas sentem que não são priorizados para a capacitação digital nas empresas. Para 2,4 milhões de profissionais na faixa dos 50 anos, o que resta para escapar desta realidade é a aposentadoria, segundo o novo relatório de dezembro da Multiverse – empresa epecialista em treinamento de líderes e aprendizagem profissional.

Apesar da necessidade de formação tecnológica ser comum a todos e todas da equipe, 57% dos respondentes sentem que os trabalhadores mais jovens têm prioridade sobre os demais em oportunidades de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). Além disso, para cerca de 25% das pessoas com mais de 50 anos, falta apoio no desenvolvimento de habilidades digitais por parte dos empregadores. Entre os aposentados, esse número sobe para 35%.

Contudo, ainda há chances para aumentar a permanência deste grupo no mercado de trabalho e reduzir a taxa de turnover nas empresas, pois 41% dos trabalhadores afirmaram estarem dispostos a permanecer empregados caso tenham um melhor acesso à formação e capacitação tecnológica, principalmente, porque 64% deles consideram que o ritmo da transformação digital é maior no contexto atual do que antes.

O estudo, que contou com a participação de mais de 3.000 trabalhadores dos EUA e Reino Unido – com idades entre 50 e 65 anos, também revela que a mudança tecnológica pode afetar a saúde e bem-estar dos profissionais. Inclusive, 14% citaram a transformação digital como uma das causas da ansiedade.

“À medida que mais indivíduos com mais de 50 anos tendem a se aposentar antecipadamente, as empresas e a sociedade perdem conhecimentos e habilidades significativas que contribuem para a força de trabalho”, afirmou o diretor de aprendizagem da Multiverse, Gary Eimerman. Isso abre reflexões para a área de foco em estratégias de retenção e desenvolvimento de competências.

Pause na aposentadoria e play na capacitação digital

Entre os trabalhadores que pretendem se aposentar nos próximos 12 meses, a ideia do afastamento permanente pode ser pausada para 16%, mas sob uma condição: a do empregador oferecer novas oportunidades de aprendizado. Já entre os que pretendem descansar em breve, 41% estão dispostos a permanecer ativos no mercado por mais seis anos se receberem uma capacitação tecnológica totalmente financiada pela empresa.

Sob outra perspectiva, 35% dos aposentados que já abandonaram o trabalho voltariam ao mercado com a oferta do treinamento digital. A realidade é compreensível, posto que 44% não participaram de nenhum curso ou programa de formação há pelo menos um ano. Somado a isso, 20% não têm acesso à capacitação há pelo menos três anos. Quando questionados sobre o porquê, quase 50% afirmaram que os chefes não oferecem oportunidades.

A pesquisa mostra que, na cultura organizacional, precisa haver a premissa do lifelong learning para que os profissionais possam desenvolver as hard skills e as soft skills — habilidades geralmente excluídas do ensino formal. Investir em um sistema de treinamento corporativo contínuo, com melhorias constantes, cria um cenário vantajoso às empresas, à medida que promove sentimentos de motivação, integração e fidelização.

De acordo com o Panorama de Treinamento no Brasil, as empresas que investem em treinamento têm 37% mais produtividade, além de funcionários mais satisfeitos e propensos a permanecer no cargo.

Aprendizagem contínua à qualquer distância

Outro fator desafiante são as mudanças na Inteligência Artificial (IA). Para 39%, a inserção da tecnologia generativa teria um impacto negativo sobre a segurança empregatícia. No entanto, pesquisas vêm mostrando a tendência de complementaridade – longe da substituição – entre homens e máquinas.

Mas independente do tipo de tecnologia aplicada, ainda há um cenário positivo: cerca de 60% dos gestores de contratação preferem contratar candidatos mais velhos para os cargos, o que pode indicar uma mudança nas perceções sobre a experiência profissional e a maturidade.

Os programas de treinamento e desenvolvimento corporativo podem ser disponibilizados de maneira presencial ou online, por meio de palestras, reuniões, cursos, workshops, plataformas de gamificação, etc. Inclusive, a previsão da Ambient Insight – empresa de análise de mercado – é que a área de investimento no e-learning cresça para 325 bilhões de dólares até 2025.

Independente do método escolhido para a capacitação, “os empregadores e o governo devem comprometer-se a investir na aprendizagem contínua de todos os trabalhadores, não apenas daqueles que estão no início do seu plano de carreira. Quando priorizamos a aprendizagem ao longo da vida, somos capazes de aumentar a satisfação profissional de milhões de trabalhadores e preencher lacunas crescentes em competências digitais – criando assim uma grande oportunidade para fortalecer a força de trabalho”, finalizou Gary.

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