Uma pesquisa do Wall Street Journal mostrou que a importância do trabalho duro caiu 16% desde 1998; instabilidade da gig economy pode explicar pessimismo
Uma pesquisa feita pelo Wall Street Journal com 1.019 norte-americanos deu o que falar nos Estados Unidos na última semana. Os resultados mostram que fatores como o trabalho pesado, o patriotismo e a religião perderam a importância para os adultos do país.
Para 79% dos entrevistados, o trabalho pesado é muito importante, índice que é 16 pontos percentuais menor do que o obtido na primeira edição, em 1998. Na época, 83% das pessoas disseram considerar o trabalho pesado uma parte muito importante da personalidade norte-americana.
A queda nos números pode ser explicada por uma insatisfação geral com a situação econômica atual do país. Outros dados obtidos pela pesquisa mostram que a maior parte dos entrevistados acredita que a economia está ruim e vai piorar, que suas vidas financeiras estão piores ou estagnadas e que não acreditam que ela irá melhorar.
O pessimismo também aparece em relação às próximas gerações. Apenas 21% dos entrevistados estão confiantes de que a geração de seus filhos vai ter uma vida melhor. Esse número era de 64% em 1998.
Para a historiadora do trabalho de Yale, Jennifer Klein, o pessimismo norte-americano em torno do trabalho pesado pode ter a ver com o fato de que eles têm feito bastante trabalho pesado nas duas últimas décadas. “O problema é que o pagamento pelo trabalho duro tem sido a insegurança”, disse ela em entrevista à Insider
Com a gig economy, os trabalhadores perderam a estabilidade, a renda, os benefícios e o status social, independentemente do quanto eles trabalham. Embora estudos mostrem que os norte-americanos têm trabalhado menos horas agora do que no passado, eles estão trabalhando mais duro do que nunca. Esse fator, evidentemente, tem forte efeito sobre a saúde mental da população.
A situação econômica tem feito com que os profissionais trabalhem sob contratos de trabalho de meio-período, cuja característica principal é a insegurança. De acordo com o National Employment Law Project, entre 10% e 30% dos trabalhadores classificam os seus funcionários como prestadores de serviço independentes ou trabalhadores da gig economy. Esse tipo de trabalho não oferece garantias ao trabalhador, como seguro saúde para acidentes de trabalho, seguro desemprego, ou benefícios como o vale alimentação, por exemplo.
Segundo dados do Economic Policy Institute, com esse tipo de trabalho, um trabalhador da construção, por exemplo, perde cerca de 16 mil dólares por ano e uma pessoa cuidadora perde cerca de 9 mil dólares.
Jennifer explica que, em vez de entregar a promessa da liberdade e da flexibilidade, a gig economy faz com que os trabalhadores trabalhem mais e, ainda assim, sem atingir o número de horas o suficiente para ter uma vida estável. “Quando as pessoas não sabem quando será o próximo turno em que elas irão trabalhar, elas não podem se planejar para ter alguém cuidando das crianças e nem para fazer aulas de capacitação. Também não podem se planejar para ter mais tempo com a família”, explica.
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