Falar sobre saúde mental no trabalho: ajuda ou atrapalha?

Quebrar tabus sobre saúde mental é fundamental, mas tratar assunto exaustivamente no ambiente de trabalho também pode aumentar níveis de ansiedade

Uma pesquisa da Deloitte realizada com membros da Geração Z de 44 países descobriu que 46% dos entrevistados se sentiam ansiosos e estressados o tempo todo ou na maioria das vezes quando estão no trabalho. Em comparação, 39% dos Millennials deram a mesma resposta.

Embora essa possa ser uma situação vivida por profissionais de todas as gerações, a diferença está na forma como a Geração Z está lidando com isso. 

Esses jovens, nascidos entre 1997 e 2012, não têm problemas em levar essa pauta para dentro das empresas. Na verdade, eles querem discutir assuntos ligados à saúde mental, como ansiedade e depressão, com seus empregadores.  

Essa abertura está incentivando as organizações a adaptarem suas políticas e fornecer mais suporte aos colaboradores, na medida em que se entende que a saúde mental no trabalho está diretamente ligada ao bem-estar e à produtividade dos funcionários.

Em uma pesquisa realizada pela consultoria Mercer e publicada pela Câmara de Comércio dos EUA, por exemplo, empresas dos EUA relataram um aumento esmagador na demanda por saúde mental nos últimos anos. Em resposta, 94% das organizações que empregam mais de 500 pessoas adicionaram benefícios relacionados à saúde mental.

No entanto, alguns artigos têm apontado que falar exaustivamente sobre este tópico fora da terapia pode gerar ainda mais angústia e desespero. Isso, além da possibilidade de interpretar sentimentos como tristeza e cansaço — que, em certos níveis, são normais — como doenças mentais.

Indicando esse cenário, um relatório da Associação Americana de Psiquiatria apontou que 79% dos entrevistados consideravam a saúde mental uma emergência de saúde pública em 2022.

Nesse sentido, Clay Routledge, psicólogo, vice-presidente de pesquisa e diretor do Human Flourishing Lab, defende em um artigo para o Business Insider que “quando os empregadores incentivam os trabalhadores a focar em seus estados mentais ou falam muito sobre o assunto nas comunicações do escritório, eles podem, na verdade, levar a equipe a ruminar sobre seus problemas e piorá-los”.

Por conta disso, Routledge faz parte de um grupo de profissionais que acredita que as empresas devem sim oferecer benefícios que ajudem os funcionários a cuidar da saúde mental, mas devem tomar cuidado para não exagerar, inserindo o tema no dia a dia corporativo de forma repetitiva. 

Em um cenário delicado, em que ainda é incerto o que significa “falar demais ou de menos” sobre saúde mental, um ponto é indiscutível: a Geração Z está mudando a dinâmica do mundo corporativo em vários aspectos, levando discussões profundas para dentro dos escritórios e exigindo muita adaptabilidade do RH e das lideranças.

E para você, de que forma e em que medida as empresas devem abordar este assunto?

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