Esgotamento cresce entre profissionais de cibersegurança

Estresse constante, ataques de hackers mais sofisticados e jornadas sem limite estão levando cada vez mais trabalhadores da área de cibersegurança ao burnout

Uma reportagem da BBC revelou um aumento preocupante nos casos de burnout entre profissionais de cibersegurança, setor que vive sob alta pressão e jornadas intensas.

Os especialistas ouvidos pelo veículo apontam que a origem do problema está em um cenário cada vez mais complexo: ataques mais agressivos, como os de ransomware e espionagem cibernética, exigem respostas rápidas e disponibilidade constante. Muitos profissionais relatam trabalhar fora do horário comercial e se manter de prontidão mesmo após o expediente.

E os resultados desta rotina não são, necessariamente, recentes. De acordo com dados da ISC2, organização global que representa trabalhadores da área, a satisfação no trabalho caiu de 70% em 2023 para 66% em 2024. Informações deste ano ainda não foram divulgadas.

Cultura de culpa e a saúde mental

A Cybermindz, uma organização sem fins lucrativos que atua no combate ao esgotamento profissional em segurança cibernética, alerta que o setor vive a chamada “cultura da culpa”, em que os erros têm alta visibilidade, mas os acertos passam despercebidos. Isso cria um ambiente de vigilância permanente e medo de falhar, o que deteriora a saúde mental, especialmente entre os colaboradores mais jovens, que ocupam funções de linha de frente nas corporações.

Essa questão, no entanto, não é novidade para as empresas. A pesquisa Desafios do RH – 2º semestre de 2025, realizada pela Think Work, apontou que a saúde mental é o principal desafio do RH para o período. Em 2024, o tema ocupava a 16ª posição no ranking de prioridades, e no primeiro semestre de 2025 já havia saltado para a 2ª colocação.

O alerta é reforçado pelo estudo Saúde mental no trabalho: entre pressões, relações e possibilidades, desenvolvido pela Think Work em parceria com o iFood Benefícios, que revelou que 26% dos trabalhadores brasileiros afirmam estar moderadamente, muito próximos ou no limite do burnout.

Além de afetar o bem-estar individual, o esgotamento é um assunto ainda mais urgente para os negócios porque também gera riscos diretos para as próprias empresas: reduz a produtividade e a capacidade de tomar decisões, além de aumentar a rotatividade e prejudicar a cultura.

A BBC aponta que há um movimento crescente para que as profissões ligadas à cibersegurança sejam regulamentadas com padrões semelhantes aos de outras áreas de alto estresse, como controladores de voo e médicos. Até lá, especialistas recomendam atenção aos sinais precoces de exaustão e maior investimento dos empregadores em políticas de saúde mental.

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