Um em cada cinco da geração Z é adepto do pluriemprego

Como o pluriemprego afeta a vida e o trabalho dos jovens que buscam segurança financeira e flexibilidade?

Se você já pensou em ter mais de um emprego para garantir a sua renda e a sua segurança financeira, não se sinta sozinho. Você faz parte de uma parcela crescente de trabalhadores que adotam o que vem sendo chamado de “pluriemprego”, ou seja, o exercício de múltiplas ocupações profissionais simultaneamente.

O fenômeno não é novo, mas vem ganhando força nos últimos anos, especialmente entre as gerações mais jovens, que enfrentam um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, instável e precário. Segundo um estudo da plataforma de gestão de trabalho Deputy, 20% dos trabalhadores da geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) são adeptos da tendência.

Mas quais são as motivações e os desafios desses trabalhadores pluriempregados? E quais são as implicações para o mercado e para o Estado?

Para Alexandrea Ravenelle, professora de sociologia da Universidade da Carolina do Norte, o pluriemprego é uma forma de os trabalhadores tentarem criar sua própria rede de proteção social, diante da falta de oportunidades e de benefícios no mercado formal. 

“As pessoas buscam segurança profissional acumulando todos esses diferentes empregos, mas se perderem o que paga melhor – e ainda estiverem trabalhando nos outros empregos – podem descobrir que seu trabalho contínuo os impede de receber assistência ao desemprego, por exemplo”, defende ela. 

Esse é o paradoxo do pluriemprego: os esforços para criar segurança de renda e uma rede de segurança pessoal podem deixar os trabalhadores em situações ainda mais precárias.

Silvija Martincevic, CEO da Deputy, acrescenta que a prática também é uma forma de buscar flexibilidade, autonomia e diversidade em suas carreiras. Para ela, “a geração Z e os millennials não veem a segurança no emprego da mesma forma que as gerações anteriores. Eles não veem a lealdade do empregador da mesma forma. Então eles priorizam a segurança financeira em vez de se vincularem a um empregador”, afirma.

Silvija acrescenta que muitos desses trabalhadores optam por atuar em plataformas digitais, como Uber, Taskrabbit e Craigslist, que oferecem oportunidades de trabalho sob demanda, mas sem vínculo empregatício nem direitos trabalhistas.

No entanto, o pluriemprego não é uma escolha exclusiva dos jovens. Muitos profissionais mais experientes também recorrem a essa estratégia para complementar sua renda, atualizar suas habilidades ou realizar seus projetos pessoais. 

É o caso de Mackenzie Moan, mãe de dois filhos, que viralizou nas redes sociais ao expor sua situação financeira. “Eu trabalho em dois empregos em tempo integral e ainda não consigo me sustentar. Eu não tenho dinheiro suficiente para comprar comida para os meus filhos”, desabafou ela em um vídeo.

Ter mais de um emprego fixo também pode ser uma opção para os trabalhadores que atuam em setores criativos, como cinema, fotografia e design, que enfrentam uma alta concorrência e uma baixa remuneração. 

Nesses casos, o pluriemprego pode ser uma forma de desenvolver um portfólio diversificado, ampliar a rede de contatos e explorar diferentes áreas de interesse. No entanto, essa opção também implica em uma maior carga de trabalho, uma menor qualidade de vida e uma maior exposição a riscos e incertezas.

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