No evento de educação para o mercado promovido pela Fundação Itaú, a formação de uma força de trabalho de jovens para novas economias, como energias renováveis contra o aquecimento global, se destaca

A Amazônia Legal é hoje a quarta região mais violenta do mundo. E apenas 4% da sua população jovem tem acesso ao ensino profissionalizante – um número muito distante, por exemplo, do Piauí, estado que já incluiu 37% dos jovens e está na liderança do país nessa modalidade. 

Não se trata de mera coincidência, segundo Beto Veríssimo, do Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. Ele aponta a falta de perspectiva dos jovens como um alimento para o desmatamento e o garimpo.

“Precisamos criar uma agenda para os jovens da região ou, sem perspectiva, eles vão continuar a entrar no garimpo e a pegar na motosserra”, disse Beto, ao citar o projeto que desenvolve junto a quase 60 municípios amazônicos, que juntos têm uma área maior que o Sudeste brasileiro. 

“Não vamos cuidar dessa floresta, que é tão importante para o mundo, sem cuidar da questão da economia e da questão dos jovens”, disse ele.

Segundo Beto, as cidades em que atua respondem por 80% do desmatamento da floresta. E, quando se olha para a juventude local, “vê-se 300.000 nem-nem”, continuou, citando o termo cunhado para quem nem estuda nem trabalha.

Esse vazio, de acordo com Beto, se deve à falta de oportunidades. Quando há ofertas de curso, disse ele, as pessoas “vibram” por lá. Numa ocasião, em um treinamento que incluía aulas em um fim de semana, Beto esperava uma grande quantidade de faltas no domingo. Mas 94% da turma estava lá, firme e forte.

Há vontade de fazer. Por isso, ele criou um projeto que leva a palavra “empreendedorismo” no nome. Ele pensou que seria uma isca para os jovens amazônicos. E foi. “Tem gente que aluga colmeia de abelha para polinização, gente que se especializa em penteados indígenas etc. A palavra empreendedorismo cai como uma luva na região.”

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