Com novas funções no RH, profissionais se sentem mais atrasados

Nova pesquisa expõe que 68% dos profissionais de RH consideram estar muito atrasados, enquanto apenas 7% das empresas ofertam desenvolvimento profissional adequado para a área

Seguindo a premissa de que tudo nasce, cresce e se transforma, o RH também passa por mudanças acentuadas desde a pandemia de covid-19. Segundo uma nova pesquisa da consultoria Josh Bersin, feita em parceria com o LinkedIn, 68% dos profissionais de gestão de pessoas sentem que estão atrasados em meio às transformações operacionais e tecnológicas. Além disso, os trabalhadores ainda tentam assimilar as novas funções atribuídas recentemente à área.

A título de comparação, o banco de talentos do RH do LinkedIn contava com 300 habilidades e 200 funções em 2017. Já em 2022, os números saltaram para 400 e 250, respectivamente.

Ao todo, o relatório analisou 107 estratégias e práticas de RH em mais de mil empresas, além de estudar os perfis do LinkedIn de mais de 7,5 milhões de profissionais da área. As conclusões trazem reflexões interessantes: com o passar dos anos, o setor de gestão de pessoas passou a cobrir novas funções, entre elas a liderança estratégica, a diversidade e inclusão, o desenvolvimento organizacional e a experiência do funcionário.

No Brasil, a pesquisa Desafios do RH, da Think Work, provou que o segundo semestre de 2023 foi palco das diversas modificações significativas da área. Para a grande maioria dos respondentes (67%), os principais desafios do setor foram alterados no período analisado. De acordo com os dados, os principais obstáculos para os profissionais consistiam em: apoiar os funcionários no cuidado com a saúde mental no trabalho (38%); atingir metas de diversidade e inclusão (27%) e fortalecer a cultura organizacional (23%).

RH 2024: a transformação

Para o vice-presidente sênior e analista global do setor da Bersin, Kathi Enderes, o RH não mudou, ele ainda existe para objetivos simples, como contratar e remunerar pessoas, gerenciar e ajudar no treinamento e no desenvolvimento de novos estilos de liderança. Segundo a analista, o que foi alterado – e ampliado – foi o modo de realizar tais funções.

Já para Sheryl LaPlace, da consultoria de negócios RH Insperity, os gerentes da área tiveram que lidar com um mercado de trabalho diferente e reduzido, que exigiu dos profissionais uma maior criatividade na elaboração de estratégias, não apenas no que se refere à remuneração e política de benefícios, mas também à cultura organizacional, que precisa ser atraente para os novos talentos.

Apesar das mudanças trazidas pela pandemia nos anos de 2020 e 2021, LaPlace acredita que os gestores estão à altura da tarefa. “A capacidade do RH de se ajustar às alterações no horizonte foi fundamental para sobreviver à grande mudança”, afirmou.

Novas funções entram em cena

Conforme explica a pesquisa, tentar cobrir todas as funções pode ser exaustivo para os profissionais. “Agora, você também tem que aprender sobre aprendizado e desenvolvimento, porque com uma vaga aberta, a solução pode não ser apenas contratar, mas treinar novamente e requalificar alguém que já está na organização”, explicou Kathi.

além disso, o cenário abrange ainda outros empecilhos, porque apenas 7% das empresas oferecem desenvolvimento profissional adequado aos trabalhadores da área.

“Quase ninguém está pensando em como construir esses domínios e habilidades cruzadas que podem ir além das habilidades de RH e capacidades de negócios. Se você não desenvolvê-los, todos no setor vão ficar esgotados”, acrescentou Sheryl.

A importância do autocuidado

Por fim, há um alerta do relatório sobre a importância do cuidado com os gerentes de RH. No texto, há uma dica para que os profissionais aproveitem os mesmos programas de bem-estar disponíveis para outros funcionários – muitas vezes promovidos pelo próprio setor de Recursos Humanos.

“É verdade que os filhos do sapateiro não têm sapatos. Os gerentes de RH estão tão ocupados cuidando de todos os outros, que requer alguma intencionalidade para focar em nosso próprio autocuidado e reservar esse tempo para colocá-lo em nossa agenda”, finalizou Sheryl.

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