Pesquisa feita em cinco países mostra que mulheres de pele mais escura e LGBTQIAP+ estão mais propensas a sofrerem racismo no trabalho
Uma pesquisa publicada pela Catalyst mostrou que 51% das mulheres de cinco países (Estados Unidos, Canadá, Austrália, África do Sul e Reino Unido) já sofreram racismo em seu trabalho atual. Uma a cada quatro respondentes afirmou que seu líder discriminaria uma funcionária com base em elementos raciais, étnicos ou culturais.
As discriminações vivenciadas vão das mais veladas às mais explícitas, como suposições negativas, desprezo, insultos, observações depreciativas e insultos racistas diretos. Foram entrevistadas 2.734 mulheres não-brancas.
Os resultados também mostram que, quanto maior as interseccionalidades, ou seja, quanto mais a mulher pertence a outros grupos minorizados, como ser LGBTQIAP+, pior. Entre as mulheres não heterossexuais, 63% já sofreram discriminação racial no trabalho, e 67% das transgêneros também foram vítimas de racismo. O número cai para 49% entre as mulheres cisgêneras e heterossexuais.
Outro ponto evidenciado pela pesquisa é que, quanto mais escura a pele de uma mulher, mais chance ela tem de sofrer racismo no ambiente de trabalho. Enquanto o índice ficou em 34% entre as trabalhadoras com a pele mais clara, ele chegou a 69% entre aquelas com a pele mais escura.
“Esses resultados mostram que o racismo é uma parte comum e em vigor na experiência das mulheres no mercado de trabalho. Está na hora de acabar com esse racismo gritante que ocorre no mundo inteiro com as mulheres que são de grupos raciais marginalizados e criar o senso de responsabilidade para manter ambientes antirracistas”, escreveu uma das autoras do estudo, Kathrina Robotham.
A cultura inclusiva importa
Os dados mostram que a probabilidade de uma mulher sofrer racismo dentro da empresa em que trabalha varia de acordo com o ambiente interno, o nível de segurança psicológica da organização e se há ou não condições para um ambiente com diversidade.
Nas companhias em que as pessoas não se sentem seguras ou são desencorajadas a falar sobre seus problemas ou preocupações, há uma maior probabilidade de que aconteçam episódios de racismo. Entre as mulheres que trabalham em empresas assim, 67% já sofreram discriminação racial, contra 46% daquelas que não trabalham em ambientes inseguros.
Além de melhorar o engajamento, aumentar a satisfação com o trabalho e evitar o turnover, a cultura inclusiva também diminui a probabilidade de uma pessoa sofrer racismo na empresa. Entre mulheres que trabalham em empresas inclusivas, 43% já passou por algum episódio de discriminação, contra 61% daquelas que trabalham em lugares sem cultura inclusiva.
Caminhos para a liderança
Os resultados mostram que, quando a liderança não demonstra ser uma aliada, 56% das funcionárias sofrem com situações de racismo. O índice é de 46% quando a mulher tem uma liderança aliada.
A partir desses dados, o estudo apresenta três caminhos para a liderança que quer se firmar como antirracista:
- Previna os episódios de racismo sendo uma pessoa aliada. Se eduque sobre os obstáculos enfrentados por pessoas de grupos minorizados no mercado de trabalho. Cultive empatia por meio da escuta ativa e se manifeste quando você presenciar situações de racismo;
- Fortaleça a cultura organizacional. Espante o silêncio que esconde os episódios de racismo ao se manifestar sobre eles. Demonstre que você valoriza a diversidade ao avaliar criticamente suas políticas de justiça;
- Crie programas de responsabilidade. Desenvolva sistemas de feedback para medir e monitorar experiências de racismo vividas na empresa. Responsabilize as pessoas que agirem contra os valores da organização imediatamente.
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