Segundo pesquisadores da Universidade de Melbourne, o movimento #MeToo pode ter tido consequências inesperadas
O #MeToo, movimento que começou em Hollywood e jogou luz sobre o assédio sexual no ambiente de trabalho, pode, sem querer, ter diminuído a colaboração entre homens e mulheres. É o que sugere um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, que analisou o histórico acadêmico de estudantes femininas de 58 universidades pelo mundo.
Segundo a análise, a partir de 2018, ano que começou o #MeToo, as universitárias passaram a começar 0,7 menos projetos por ano e, em geral, 60% disso pode ser explicado pela menor interação entre elas e pares do sexo masculino.
A queda nas colaborações se concentrou em universidades onde o risco percebido de acusações era alto. Ou seja, quando políticas de prevenção ao assédio sexual eram menos claras ou quando havia um número alto de denúncias.
O problema nisso é que, como apontam os autores do estudo, quanto mais as mulheres são envolvidas em projetos e iniciativas em colaboração com demais pessoas da empresa, mais elas podem ter chances de crescer e ganhar visibilidade, inclusive na carreira. Assim, as consequências dessa diminuição na colaboração podem ser particularmente graves para a inserção das mulheres no mercado de trabalho.
Dados como os desse estudo apontam, assim, a necessidade de empresas repensarem a forma como comunicam as regras e políticas contra o assédio sexual, de forma que elas fiquem claras e não deixem dúvidas sobre o que se constitui, de fato, como assédio. Além disso, eles sugerem que ainda é preciso de mais esforço para de fato conquistarmos a conscientização em relação a esse tema.