Pesquisa mostrou que homens gays com características culturalmente tidas como femininas são preteridos para postos de liderança
Pessoas LGBTQIAP+ enfrentam diversas dificuldades para entrar e permanecer no mercado de trabalho. Uma delas foi evidenciada por uma pesquisa da Universidade de Sydney que encontrou um ‘teto de vidro’ para os homens gays que tenham características consideradas pela sociedade como femininas.
A expressão ‘teto de vidro’ é tipicamente utilizada para se referir às barreiras invisíveis que impedem as mulheres de alcançarem o topo das organizações. No caso da pesquisa, a expressão foi mencionada, pois os resultados mostram que homens gays e heterossexuais tendem a preferir, em posições de liderança, homens que se apresentam com características culturalmente tidas como masculinas.
O estudo pediu a 256 homens (metade gays e metade heterossexuais) que escolhessem um homem gay para representar a cidade de Sidney em uma campanha de turismo. Para fazer essa escolha, eles assistiram vídeos de seis atores gays, que performaram o mesmo roteiro, mas com diferenças de interpretação: metade deles ajustou suas vozes e linguagem corporal para um estilo culturalmente lido como masculino e a outra metade o fez com características tidas socialmente como femininas.
Então, os participantes tiveram que selecionar o candidato que as pessoas mais admiravam como um líder. A maior parte (150 pessoas), incluindo homens gays e heterossexuais, escolheu homens cuja performance exibia mais traços lidos culturalmente como masculinos.
Entre os participantes que são gays, os votos para essas figuras mais masculinas foram de 60%, contra 40% para os atores que fizeram performances mais femininas.
A pesquisa mostra não apenas traços de homofobia, como também deixa claro a existência de uma discriminação contra o que é lido como feminino, ou seja, uma forte discriminação de gênero contra características das mulheres, mesmo entre pessoas que são gays.
“Na sociedade, há uma forte associação entre ser gay e feminilidade e os homens gays cresceram com uma ideia inconsciente de que aparentar ser gay é algo ruim, então eles acabam, consciente ou inconscientemente, suprimindo as características tidas como femininas”, disse ao The Guardian o autor do estudo, Ben Gerrard.
Outros trabalhos já haviam mostrado as dificuldades enfrentadas por homens abertamente gays no mercado de trabalho. Quando se candidatam a empregos, eles têm menos chances de serem chamados para entrevistas, são avaliados mais negativamente e recebem propostas de salários mais baixos do que homens heterossexuais.
Os dados evidenciam a necessidade de políticas de diversidade e inclusão nas empresas, que vão desde o recrutamento até a permanência do funcionário nas organizações.
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