Google, Meta e Twitter, chamadas de big techs, que se tornaram conhecidas por oferecer pacotes de benefícios fora da média, acabaram com itens como massagens e lavanderia
Há não muito tempo, as big techs se destacavam por oferecer pacotes de benefício fora da média. Além dos tradicionais vale alimentação, vale-transporte e plano de saúde, empresas como Meta, Google e Twitter também contavam com itens como massagens, lavanderia, restaurantes gourmets, auxílio bem-estar e refeições e lanches — tudo isso, grátis.
Agora, seja pela flexibilidade de trabalho pós-pandemia ou pela dificuldade financeira que culminou nas demissões em massa, essa realidade está mudando. O que pode parecer algo sem importância, principalmente diante das ondas de demissões, na verdade, tem um papel essencial na atração e retenção de talentos.
“O problema para essas empresas que querem manter seus grandes talentos felizes é que elas se tornaram conhecidas por oferecer pacotes incríveis de benefícios. E isso pode impactar na guerra em busca de talentos: as companhias que oferecem o melhor pacote de benefícios vão ter mais sucesso em conseguir os melhores profissionais”, explicou Grace Lordan, professora de ciência comportamental da London School of Economics, à Wired.
Este mês, o Google dispensou 12 mil funcionários, entre eles 31 massagistas, que eram responsáveis por massagens grátis nos funcionários com boas performances.
Outros benefícios também foram sendo reduzidos com o tempo. A empresa diminuiu drasticamente seu orçamento para viagens a trabalho e, com isso, parou de autorizar que funcionários viajassem para eventos sociais ou encontros de time às custas da companhia.
As decisões de cortar benefícios vieram quase um ano depois da empresa investir ainda mais em ações que pudessem levar os funcionários de volta ao escritórios após a pandemia. Em abril de 2022, o Google contratou um show da cantora Lizzo para incentivar os profissionais da Califórnia a irem presencialmente à empresa três vezes por semana.
Na Meta, a situação não é muito diferente. Até o ano passado, os escritórios também possuíam uma carteira de benefícios fora da média. Em Nova Iorque, por exemplo, eram oferecidos transporte na volta para casa, jantares e serviços de lavanderia. Tudo isso gratuitamente.
Mas em março de 2022 as coisas começaram a mudar: a lavanderia foi suspensa e o jantar foi adiado em meia hora — depois do horário em que sai o último ônibus que leva os funcionários para casa. Ou seja, é um ou outro. Em novembro, a companhia demitiu 11 mil pessoas.
O Twitter também se tornou conhecido por seus benefícios, como auxílio bem-estar (para pagar academias, massagens ou até mesmo comprar dispositivos como Apple Watch), vale-produtividade (para comprar itens que facilitem o home-office) e refeições gratuitas (como almoços, café da manhã, brunch, além de chocolates, doces e frutas).
No entanto, após as demissões de mais de 50% dos profissionais em novembro, depois que a empresa foi comprada pelo bilionário Elon Musk, relatos de funcionários contam que a situação mudou: as refeições gratuitas pararam de ser repostas em alguns escritórios, o lixo deixou de ser retirado e itens como papel higiênico e sabonete líquido começaram a faltar, já que zeladores também foram demitidos.
Todas essas mudanças acontecem no mesmo sentido das demissões em massa feitas pelas big techs, mas vão na contramão de outros movimentos de construção de prédios comerciais de luxo, que oferecem até corridas de helicóptero para o aeroporto e podem ser decisivos na hora de conseguir os melhores talentos e diminuir o turnover.
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