Esses empregos são “impossíveis de preencher”

Setores como o de serviço e indústria sofrem com a perda de talentos e a dificuldade de preencher vagas

Em 2021, 64,6% dos trabalhadores do varejo, 86,3% de hotelaria e serviços de alimentação e cerca de 40% dos trabalhadores da indústria deixaram seus empregos. Não à toa, essas áreas lideram o posto de vagas em aberto “impossíveis de preencher”, como reportado pela BBC.

Muitos trabalhadores do setor de serviços mudaram de emprego e outros até querem voltar, mas sob a condição de terem melhores salários e condições de trabalho – algo ainda mais raro em boa parte das empresas desses segmentos.

Para se ter uma ideia de como alguns desses profissionais são mal remunerados, em 2020, os balconistas americanos ganharam, em média, 23.960 dólares por ano, o que significa que eles não conseguiram superar a linha de pobreza para uma família de quatro pessoas.

Isso explica taxas como o fato de que, já em 2019, antes da pandemia, a taxa de rotatividade em empregos com salário mínimo era duas vezes maior que a média nos Estados Unidos.

“Esses trabalhos são precários”, disse à BBC Serge da Motta Veiga, professor de gestão de recursos humanos na escola de negócios EDHEC, em Paris. “Um emprego que traga segurança e estabilidade se tornou o mais desejado pelas pessoas, e vem antes mesmo de diferenciais como ter um horário de trabalho flexível, ou trabalhar de qualquer lugar que você quiser”.

Não ajuda também que, nos últimos anos, esses profissionais tenham sido o mais afetados pela natureza necessariamente presencial de seu trabalho. No primeiro ano da pandemia, os trabalhadores da área de serviços e construção civil foram 68% dos mortos pela Covid-19, mais um motivo para a perda de talentos que empresas desses ramos vêm sofrendo.

 Se a alta rotatividade é marca registrada do setor de serviços há anos, agora, as empresas parecem ter chegado ao fim da linha: ou melhoram as condições de trabalho ou não conseguirão atrair e reter, o que, no limite, afeta a sustentabilidade dos negócios. 

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