O termo ‘conscious quitting’ vem sendo utilizado para descrever profissionais que pedem demissão por não terem valores compatíveis com os da empresa
Depois da tendência do quiet qutting (fazer exatamente o que é requerido pelo trabalho, sem exercer nenhuma tarefa a mais), chegou ao mercado de trabalho uma nova moda, o conscious quitting. O termo tem sido usado para descrever funcionários que pedem demissão devido à incompatibilidade entre eles e os valores da organização para a qual trabalham.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Net Positive Employee Barometer, com 4.000 trabalhadores nos Estados Unidos e no Reino Unido, a maioria dos empregados não está satisfeita com os esforços de suas companhias para melhorar o bem-estar social e o meio ambiente. Dois a cada três profissionais no Reino Unido e três a cada quatro nos EUA querem trabalhar para uma empresa que tenha um impacto positivo no mundo.
Quase metade dos entrevistados consideraria pedir demissão caso os valores da empresa não estejam alinhados com os seus próprios. Um terço dos profissionais já se demitiu por essa razão. A maior parte deles são pessoas da geração Z e millennials.
As descobertas do estudo corroboram outras pesquisas recentes sobre a importância das empresas gerarem impacto positivo no mundo. Uma pesquisa da KPMG mostrou que 20% dos profissionais do Reino Unido rejeitariam um emprego se a empresa não apresentasse questões de ESG bem consolidadas.
Outro estudo, feito pelo Glassdoor, também descobriu que uma a cada cinco pessoas que procuram emprego estão ativamente procurando um empregador que tenha valores alinhados aos seus.
Em entrevista à Fortune, a especialista em tendências de Carreira do Glassdoor, Jill Cotton, disse acreditar que essa tendência não será passageira, uma vez que os trabalhadores sempre estiveram preocupados com os valores e a cultura da companhia.
“A diferença agora é que os talentos têm mais oportunidade de mudar de empresa caso sintam que seus valores não se alinham mais com os do empregador”, disse.
Como driblar o conscious quitting?
A maior oportunidade, e também o maior desafio, para as empresas que querem evitar o conscious quitting, e, com isso, o turnover, é manter os seus valores alinhados com os dos funcionários. Segundo uma pesquisa realizada pela Think Work Lab, a preocupação em fortalecer a cultura organizacional é o maior desafio da área de recursos humanos para 2023.
Para Jeremy Campbell, CEO da consultoria Black Isle Group, a possível solução está em três áreas: a empresa precisa liderar a mudança para zerar suas emissões de CO2; ser flexível no modelo de trabalho exercido pelos profissionais; e ter uma liderança que lidere com empatia.
Esse processo, segundo Cotton, em entrevista à Fortune, só existe a partir da transparência. “Em um ambiente transparente, os funcionários podem entender claramente qual é a missão da empresa e podem tomar decisões sobre suas carreiras”, declarou.
Empresas que tornam públicos seus esforços de cultura organizacional e de ESG, quando o fazem de forma efetiva e não só por marketing, são capazes não só de reter seus talentos, mas também de atrair novos profissionais que consideram pedir demissão de companhias que não se alinham com seus valores.
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