Silene Rodrigues escreve sobre a transformação recente do RH e sobre como a relação com o CEO se tornou cada vez mais estratégica para as novas funções da área

Vamos pensar aqui no RH como o líder da área, não importando o título que tenha. Pode ser o CHRO, o VP de Gente e Gestão, o Diretor Executivo de RH ou o Gerente de Pessoas. O tema hoje é o líder de RH e a urgência da mudança.

Não é novidade para ninguém que o papel do líder de Recursos Humanos tem passado por uma transformação significativa nos últimos anos. Saímos de uma condição onde o nosso foco principal estava nas questões trabalhistas, na folha de pagamento, na gestão de benefícios e em tantas outras questões administrativas e burocráticas, para acompanhar o avanço das organizações.

Essa evolução trouxe consigo a necessidade de se adaptar a um ambiente de negócios em constante mudança, e que nos levou a nos ocupar cada vez mais da cultura organizacional e da gestão da mudança. 

Honestamente eu fico radiante só de pensar que já não sou mais vista como um administrador de questões trabalhistas, responsável contratar e demitir, garantir o cumprimento das leis trabalhistas e gerenciar a folha de pagamento. Embora essas responsabilidades ainda sejam importantes, o papel do líder de RH evoluiu para se tornar um parceiro estratégico da alta administração, ou seja, temos que andar par e passo com o CEO.

Em outras palavras, essa relação tem que ser de estreita colaboração e cooperação, onde trabalhamos juntos de forma coordenada e em igualdade de condições. Eu, particularmente, gosto de chamar de aliança ou uma relação de cumplicidade.

Mas como em todos os relacionamentos, para que essa harmonia e parceria aconteçam de verdade, ambos têm que estar a fim, não é mesmo?

Bem, eu estou super a fim, mas como me asseguro que o meu CEO entenda e também se interesse por esse tipo de relação de trabalho?

Aqui vão as minhas dicas, baseadas em minha experiência:

1. Crie um canal de comunicação efetivo: observe e escute a forma como seu líder se comunica e como responde a diferentes formas de comunicação, não se esquecendo de atentar para as palavras, tom de voz e linguagem corporal. Também não faz mal perguntar, especialmente quanto à forma como ele prefere receber informações (se por e-mail, reuniões presenciais, WhatsApp, telefone) e se há um momento específico em que ele prefere ser contatado.
   
   
2. Entenda o que importa para ele: você não necessariamente vai compartilhar tudo que vê e ouve, afinal de contas você não é um espião e ele pode não estar interessado ou não ter tempo para investir em assuntos triviais. Mas é de fundamental importância que vocês tenham um acordo sobre os temas que você vai compartilhar e aqueles que não vai mencionar. Aí já fica uma deixa para esclarecer sobre as decisões que você vai tomar com ou sem a anuência dele.
   
   
3. Demonstre empatia: durante suas interações, ouça atentamente as preocupações e perspectivas do CEO, demonstrando que valoriza suas opiniões e interesses. Isso ajudará a construir uma relação de confiança e a encontrar soluções mutuamente benéficas.
   
   
4. Esteja aberto para dar e receber feedback: não se intimide em discordar de opiniões e pontos de vista, já que ele espera que você seja o contraponto. Ele precisa disso e, se você não tiver liberdade para se expressar livremente, significa que vocês não têm uma relação de parceria e colaboração. Mas assim como em qualquer relação, não queira impor a sua opinião. Seja franco quando não concordar, mas não descarte uma ideia diferente da sua sem antes refletir sobre a sua validade. Da mesma forma, esteja atento para os comentários dele sobre você, lembrando que feedback é um presente, não uma negociação.
   
   
5. Demonstre sua autoridade em RH: isso significa conhecer profundamente o seu trabalho, a organização, o negócio, o mercado e estar atento às inovações na área. Cultive uma mentalidade de crescimento e continue aprimorando suas habilidades e compartilhando seu conhecimento. Ofereça insights e orientações baseados em dados para apoiar decisões informadas.

Tenha em mente que essa relação direta e próxima com o CEO pode ter um impacto direto no conjunto de valores, crenças e comportamentos compartilhados por vocês, pela liderança sênior e pelos colaboradores da organização. E isso, você já sabe, trata-se da cultura organizacional.

Para quem quiser entender como RH e CEO podem transformar uma organização, minha dica final é a leitura do livro “A regra é não ter regras”.