Danilca Galdini escreve, para a Today, sobre como as empresas podem promover o senso de pertencimento entre os funcionários e a importância de fazê-lo
Já faz alguns anos que o tema gestão de talentos integra a lista de preocupações que tiram o sono da liderança das organizações. O estudo The Conference Board C-Suite Outlook 2022 aponta que atrair e engajar se mantém como a prioridade interna dos CEOs.
Para resolver este desafio é preciso investir no desenvolvimento do senso de pertencimento das pessoas que atuam nas companhias. Pertencer é fazer parte de algo, é poder “ser você mesmo”, “ser real” no ambiente de trabalho, expressar livremente suas paixões, preocupações e opiniões, sem receio de repreensão. Envolve sentimentos como respeito, valorização e confiança.
O sentimento de pertencer é uma necessidade humana fundamental e existem diversos estudos que mostram que ele tem impacto no bem-estar e na saúde das pessoas, além de fortalecer a percepção da vida como significativa. Também gera impacto positivo no ambiente corporativo na medida em que contribui para:
Cultura inclusiva
A cultura inclusiva é a abordagem mais bem-sucedida para atrair e engajar uma equipe diversificada e criar um ambiente de trabalho que faça as pessoas se sentirem parte dele. Não importa quanta diversidade a empresa possa alcançar com os números, se as pessoas estiverem desconectadas, elas vão embora.
Engajamento
Fatores relacionados ao senso de pertencimento, como comunicação e tomada de decisão, são fortes impulsionadores de engajamento e conexão das pessoas com a organização. Isso significa que esse sentimento tem alta correlação com os resultados dos negócios, como produtividade e com a escolha do funcionário de se manter na empresa.
Cultura de aprendizagem
A aprendizagem no local de trabalho é nutrida por aspectos relacionais, sociais e culturais, bem como pelas condições materiais em que as ações e práticas ocorrem. Somente quando as pessoas têm um sentimento de pertencimento é que podem compartilhar ideias, falar com confiança e contribuir plenamente, podendo então aprender e compartilhar conhecimento.
Embora o senso de pertencimento impacte positivamente as pessoas e contribua fortemente para o negócio, um estudo com mais de 98 mil profissionais do Brasil mostrou que uma parcela significativa das pessoas não sentem que fazem parte da companhia na qual trabalham.
Quando não construímos uma cultura organizacional e um ambiente de trabalho em que as pessoas possam ser elas mesmas, estamos deixando de estimular a produtividade e o desempenho. Estamos impedindo o desenvolvimento das pessoas e o crescimento do negócio. Também estamos deixando de investir no bem-estar e na saúde mental das pessoas, uma vez que o sentimento de pertencimento fortalece a percepção de uma vida significativa e tem impacto no bem-estar, na saúde física e mental.
Outro prejuízo para as empresas quando não cultivam um ambiente que favoreça o senso de pertencimento é no valor da marca empregadora, já que quanto menor essa sensação, menor é a chance da pessoa indicar a organização como um bom lugar para trabalhar. O estudo realizado com profissionais que atuam no Brasil mostrou que:
- Apenas 29% dos jovens com senso de pertencimento baixo indicaram suas empresas, frente a 68% daqueles com alto senso. Um aumento de 134%.
- 39% da média gestão com senso de pertencimento baixo indicaram suas empresas, frente a 76% daqueles com um senso elevado. Um aumento de 124%.
- 30% da alta liderança com baixo senso de pertencimento indicaram suas empresas, frente a 75% daqueles com alto senso. Um aumento de 150%.
O que fazer para construir e cultivar o sentimento de pertencimento? Invista em uma cultura organizacional que estimule que as pessoas:
- Possam ser elas mesmas
- Tenham autonomia para tomada de decisão
- Sintam que suas contribuições são valorizadas
- Tenham uma comunicação aberta e honesta com time e liderança
- Façam um trabalho significativo
Não é uma tarefa fácil, mas é extremamente necessária para que tenhamos um mercado de trabalho mais positivo e organizações prontas para se adaptarem – e prosperarem – diante dos desafios atuais e do futuro nesse contexto extremamente conturbado em que vivemos.