Para representantes de Wall Street, relatos criados em redes sociais, como o Twitter, ajudaram a criar o pânico que favoreceu o colapso dos bancos
O mercado financeiro tem vivido, desde o último mês, um período de bastante turbulência. Nos Estados Unidos, os bancos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank faliram. Na Europa, o Credit Suisse anunciou a sua compra pelo banco UBS, como uma tentativa de evitar uma crise maior no sistema financeiro europeu.
Há diversos motivos que culminaram nos problemas enfrentados por essas instituições, mas há um deles que tem chamado bastante atenção na última semana: lideranças de Wall Street têm culpado os smartphones e as redes sociais pelo colapso dos bancos.
Uma dessas pessoas é o CEO da Blackstone, Steve Schwarzman. Em uma entrevista à Bloomberg ele disse: “Essa crise foi causada por pessoas em Iphones e outros dispositivos, ouvindo nas redes sociais que um banco poderia estar em apuros. Então, eles responderam fazendo grandes retiradas financeiras em um curto período de tempo, levando o banco ao colapso”.
A explicação de Schwarzman tem correspondência com a realidade. Antes da intervenção do governo norte-americano nos bancos SVB e Signature Bank, houve uma corrida bancária, em que, receosas, as pessoas retiraram seus depósitos de suas contas, o que gerou mais pânico, fazendo com que mais pessoas fizessem o mesmo.
Um pouco antes dos bancos colapsarem, investidores foram às redes sociais para escrever sobre a situação. Muitas vezes, isso aconteceu de forma alarmante, utilizando letras maiúsculas. Também houve um movimento de investidores que pediram às startups que pensassem onde guardavam o seu dinheiro.
Tudo isso unido ao fato dos bancos serem digitais e, por isso, passíveis de realizar transações em casa, ajudou a criar a corrida bancária. Os clientes do SVB sacaram 42 bilhões de dólares em um único dia, o que deixou o banco com 1 bilhão de dólares em saldo de caixa negativo.
“Até bancos saudáveis podem ficar em perigo porque eles também não guardam dinheiro na mão o suficiente para pagar todos os clientes de uma só vez. Se os bancos guardassem todos os depósitos em um cofre, eles não poderiam ganhar o dinheiro que os permite pagar juros”, explicou o New York Times na época do fechamento dos dois bancos.
A CEO do Citigroup também engrossou o coro na teoria de que as redes sociais tiveram um papel crucial no pânico criado antes dos bancos colapsarem e na própria crise.
Em entrevista à Fortune, ela disse que tecnologias de tempo real e com alto poder de persuasão, como Iphones e o Twitter, tiveram um papel importante no pânico criado por essa corrida bancária.
“Existiram alguns tweets sobre o assunto e, então, o colapso aconteceu muito mais rápido do que já havia acontecido na história. E, sinceramente, eu acho que os reguladores fizeram um bom trabalho respondendo a essa situação de forma rápida porque, normalmente você leva mais tempo para responder a um cenário assim”, declarou.
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