Quebra-quebra bancário nos EUA: entenda o caso

Desde sexta-feira, o banco central dos Estados Unidos anunciou intervenção para fechar bancos e evitar crise econômica como a de 2008

Desde a última sexta-feira, a economia dos Estados Unidos vem sofrendo com o temor de uma próxima crise financeira. Ainda na sexta, o banco Silicon Valley Bank (SVB) sofreu uma intervenção dos órgãos reguladores norte-americanos. Já nesta segunda-feira, foi a vez do Signature Bank. 

O principal argumento para fechar os dois bancos é o de um “risco sistêmico” nos Estados Unidos. Uma eventual quebra dos bancos poderia significar o início de uma nova crise financeira, como a de 2008, que não só abalou a economia norte-americana, mas afetou todo o mundo. Naquela época, a instituição em falência foi o Lehman Brothers, que não sofreu intervenção do governo. 

O que aconteceu com os bancos?

O Signature Bank foi fundado em 2000, com sede em Nova York e tem mais de 1.800 funcionários. 

Já o SVB foi um banco muito conhecido dentro do Vale do Silício. Ele foi fundado na Califórnia em 1983 e se tornou um ativo muito importante ao conceder empréstimos para startups, de forma mais abrangente do que os bancos tradicionais. 

Há alguns anos, o governo norte-americano injetou bastante dinheiro na economia para incentivar as empresas a tomarem empréstimos a baixo custo. Os investidores passaram, então, a colocar as startups nas suas carteiras. Por mais de uma década, esse esquema foi um sucesso, inclusive fazendo com que essas empresas crescessem bastante. 

No entanto, o banco central norte-americano (FED) aumentou a taxa de juros para combater a inflação do país e os investimentos do SVB começaram a perder valor, uma vez que os investidores passaram a migrar seu dinheiro para a renda fixa. 

Isso levou as startups, principalmente aquelas que passam por dificuldades com layoffs, a sacar o dinheiro que mantinham no SVB. Na quarta-feira, o banco anunciou seu prejuízo e disse que emitiria novas ações para reforçar o balanço, o que fez com que as companhias, com medo de perderem dinheiro, retirassem seus investimentos do banco. Com isso, as ações do SVB despencaram e o governo dos EUA precisou intervir. 

“Essa ‘corrida bancária’ é especialmente perigosa porque elas se alimentam delas mesmas, semeando pânico uma vez que as pessoas ficam receosas que os seus depósitos estejam em risco. Até bancos saudáveis podem ficar em perigo porque eles também não guardam dinheiro na mão o suficiente para pagar todos os clientes de uma só vez. Se os bancos guardassem todos os depósitos em um cofre, eles não poderiam ganhar o dinheiro que permite a eles pagar juros”, explicou o New York Times

Qual foi a resposta dos EUA?

O FED interveio nos dois bancos, ou seja, assumiu o controle deles para evitar prejuízos à economia do país. Ao fazer isso, o órgão garantiu aos clientes que todos os depósitos serão devolvidos. Mas acionistas e detentores de dívidas não garantidas não serão protegidos. A alta cúpula das empresas também foi retirada dos cargos.

Em nota, o FED ressaltou a “resiliência do sistema financeiro norte-americano”.

“O Conselho do FED está monitorando de perto as condições em todo o sistema financeiro e está preparado para usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar famílias e empresas, e tomará medidas adicionais conforme apropriado”, garantiu em nota

Os reflexos da ‘quebra’ nos EUA

Alguns reflexos na economia já podem ser sentidos. Na segunda-feira, as bolsas de Nova York fecharam de forma mista, sem uma direção única, com pregão em forte volatilidade. Já o Ibovespa fechou em queda. E o dólar terminou o dia em alta de mais de 1%. 

No entanto, ainda é difícil prever outras consequências. Segundo os especialistas, será preciso, primeiro, aguardar para ver o efeito que a intervenção do FED terá, se ela será capaz de conter ou não uma possível crise na economia. 

Em relação ao Brasil, algumas instituições financeiras quiseram dar garantias aos investidores e clientes. Entre o sábado e a segunda, o Nubank, o GetNinjas e o C6 Bank o comunicaram ao mercado que não têm qualquer investimento nos bancos envolvidos.

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