A ausência de trabalhadores agrícolas é um desafio para as fazendas de Israel, que buscam florescer com a ajuda de voluntários
Nos últimos dias, um novo perfil de trabalhadores vêm ocupando as fazendas de Israel. Em uma propriedade visitada pelo Jornal New York Times, cerca de 30 pessoas, entre programadores, estudantes universitários e até um ex-agente do Mossad – o Instituto de Inteligência e Operações Especiais de Israel -, são os responsáveis pelas atividades agrícolas. Isso porque, desde o dia 7 de outubro, quando foram registrados os primeiros ataques do grupo Hamas na região, os donos das propriedades rurais passaram a buscar novas forças de trabalho, sobretudo com voluntários.
Antes do conflito, o setor da agricultura do país empregava cerca de 30 mil pessoas. Entre os estrangeiros, eram contabilizados cerca de 9 mil palestinos, mas a grande maioria era da Tailândia. Com o avanço das ofensivas, 32 funcionários do Sudeste Asiático perderam suas vidas e outros 25 foram sequestrados e levados para a Faixa de Gaza como reféns.
Entre os que sobreviveram aos ataques, grande parte dos palestinos foi banida de Israel e muitos asiáticos, temerosos com o cenário instável, decidiram voltar para casa. De acordo com o vice-diretor executivo do Ministério da Agricultura, Yuval Lipkin, cerca de 7 mil trabalhadores tailandeses retornaram ao país de origem após os acontecimentos e, desde o início da guerra, há uma lacuna de aproximadamente 15 mil trabalhadores.
Os asiáticos em questão eram considerados como uma força de trabalho mais regular em comparação aos palestinos, uma vez que os vizinhos poderiam sofrer atrasos nos postos de controle de fronteira e tinham mais riscos de serem impedidos de entrar em Israel.
Em virtude dos recentes acontecimentos, a socióloga da Universidade de Tel Aviv, Adriana Kemp considera que esta é a primeira vez que a agricultura israelense “não pode contar com um fluxo contínuo de trabalhadores”.
Nas últimas semanas, autoridades do país começaram a buscar acordos trabalhistas com representantes de outros países, como o Vietnã. Os agentes também oferecem bônus a israelenses dispostos a trabalhar nos campos. Inclusive, os próprios soldados podem ser incluídos no recrutamento para ajudar nas colheitas em áreas de fronteira.
“A agricultura de Israel está na maior crise desde a criação do Estado em 1948”, afirmou Yuval. Isso ameaça a visão de uma pátria segura em termos alimentares, a qual impulsionou, durante décadas, as políticas econômicas de Israel. Agora, a nação que fez o deserto florescer tem uma missão que se estende além da guerra. O país luta para manter vivo um dos pilares da identidade do país: as fazendas.
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