Burnout e estresse levam jovens chineses a abandonarem a carreira

Esgotados pela carga de trabalho e desanimados com o mercado, jovens chineses voltam para a casa dos pais, ainda que temporariamente 

A China tem visto nascer uma tendência entre os seus jovens profissionais, a dos “filhos em tempo integral”. Isso porque a carga horária intensa de trabalho, que muitas vezes leva a um burnout, e um mercado com altas taxas de desemprego, têm levado os chineses a pedirem demissão e voltarem para a casa dos pais.

No geral, os “filhos em tempo integral” dizem que pretendem ficar na casa dos pais apenas por um período, como uma alternativa para relaxar, refletir e encontrar empregos melhores. Muitos foram motivados pelo esgotamento mental e físico a que se submeteram no trabalho durante anos. 

A cultura de trabalho na China, com frequência, é chamada de “996”, onde o comum é trabalhar das 9h às 21h, seis dias por semana. 

Os dados do desemprego entre os jovens também têm assustado: mais de uma em cada cinco pessoas entre 16 e 24 anos, está desempregada no país. A taxa de desemprego entre os jovens atingiu o seu recorde, desde que o governo passou a publicar esses dados em 2018, com 21,3%. 

A BBC entrevistou jovens chineses que vivenciaram de perto esse novo movimento no país. Um exemplo é Julie, que tem 29 anos, e largou um emprego como desenvolvedora de jogos em Pequim, em abril, para ser uma “filha em tempo integral”. 

Ela disse ao veículo que se sentia sobrecarregada com as 16 horas diárias que passava trabalhando. Agora, ela passa o dia fazendo atividades para os pais, como lavar louças e preparar refeições, enquanto eles pagam a maior parte de suas despesas.

A desilusão com o mercado de trabalho parece já ter chegado também às universidades chinesas. Nos últimos meses, jovens lotaram as redes sociais com fotos atípicas de suas formaturas: formandos deitados em cima de suas becas, rostos cobertos com capelos e até pessoas simulando jogar os seus diplomas na lata de lixo. 

Segundo a BBC, entre 2012 e 2022, as taxas de matrícula nas universidades chinesas subiram de 30% para 59,6%. Com a entrada de cerca de 11,6 milhões de recém-formados no mercado, especialistas esperam que o desemprego entre jovens ainda aumente bastante.

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