70% das empresas acham aceitável criar anúncios de emprego falsos

Prática visa gerar imagem de crescimento e aumentar produtividade. Na maioria das vezes, a ideia vem do RH

Uma pesquisa realizada pelo site de carreiras Resume Builder revelou que quatro em cada dez empresas publicaram pelo menos uma vaga de emprego falsa este ano. 

Foram entrevistados 1.641 gerentes de contratação, e eles revelaram que a ideia de postar vagas falsas veio principalmente dos recursos humanos (37%). Outros culpados por incentivar essa tática foram a alta administração (29%), os executivos (25%), os investidores (5%) e os consultores (4%). 

Entre as organizações que admitiram usar a prática, aproximadamente 26% publicaram de um a três anúncios no último ano, 19% publicaram cinco e outros 19% publicaram dez. Cerca de 34% dos entrevistados anunciaram mais de 50 oportunidades que não existiam de verdade. 

Os anúncios são direcionados a todos os perfis e níveis de profissional. A maioria (68%) são para trabalhadores de nível pleno, em seguida aparecem as posições para juniores (63%), seniores (53%) e executivos (45%).

Por que publicar vagas falsas? Aparências e manipulação

As razões mais citadas pelos entrevistados para criar e divulgar vagas falsas se dividem em duas categorias: propagar uma imagem de prosperidade e manipular os funcionários. 

Os dois motivos mais apontados foram parecer que a organização está aberta a novos talentos e aparentar crescimento. No entanto, mais de 60% dos entrevistados também disseram que a intenção era fazer os colaboradores acreditarem que sua carga de trabalho seria aliviada por novas contratações e para que se sintam substituíveis. Coletar currículos para uma data futura aparece na base do ranking.

Stacie Haller, consultora-chefe de carreiras do Resume Builder, comentou a tendência: “É um cenário preocupante, especialmente quando esses anúncios enganosos se originam dos departamentos de RH — as responsáveis por moldar percepções precisas de suas organizações. Seja para criar a ilusão de expansão ou para fomentar um senso de substituição entre os funcionários, tais práticas não são aceitáveis”. 

E essa “encenação” vai longe. 

Um terço das empresas deixa as vagas ativas por cerca de um mês, principalmente nos seus próprios sites e no LinkedIn. Para manter a farsa, quatro em cada dez gerentes de contratação afirmam que chegam a entrar em contato com os candidatos e 85% realizam entrevistas. 

Um crime que compensa?

Entre as pessoas que participaram da pesquisa, 70% acreditam que criar processos de recrutamento falsos é provavelmente ou definitivamente aceitável. 

E existe um motivo para isso: quase dois terços afirmam que houve uma melhora na moral dos funcionários, 77% registraram aumento na produtividade e 68% tiveram crescimento na receita. 

Apesar dos índices positivos, o cenário deve ser bem diferente quando as partes envolvidas descobrem a verdade. E isso acontece, segundo a maioria dos profissionais de RH. 

Nesse caso, o efeito pode ser o contrário. Saber que uma empresa está divulgando processos seletivos que não existem e, com isso, tomando tempo, energia e esperanças, pode gerar fúria entre os candidatos e prejudicar a sua imagem perante o mercado. O mesmo deve acontecer com os colaboradores atuais, que percebem a prática como uma manipulação.  

“Os funcionários merecem transparência sobre as empresas às quais dedicam seu tempo, em vez de serem induzidos ao erro por representações falsas. Qualquer tática destinada a minar o senso de valor e segurança deles é deplorável. Em última análise, fomentar um ambiente de confiança e honestidade não só beneficia os funcionários individualmente, mas também contribui para o sucesso a longo prazo e a reputação das organizações”, finaliza Stacie Haller. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.