Pesquisa mostrou que 53% delas sentem solidão no trabalho e 30% das que ocupam cargos de nível sênior não têm ninguém para conversar sobre carreira
A solidão sentida por pessoas que ocupam altos cargos de liderança já é bastante conhecida no mundo corporativo. No entanto, uma pesquisa revelou que as mulheres podem se sentir ainda mais sozinhas na medida em que vão crescendo em suas carreiras.
Segundo o estudo, feito com 600 homens e mulheres pela TheLi.st, 53% das mulheres sentem solidão no trabalho. Quase 30% daquelas que possuem cargos de nível sênior disseram sentir que não têm ninguém para conversar sobre trabalho e que essa falta de apoio tem um forte efeito negativo sobre a saúde mental.
Cerca de 60% das entrevistadas disseram que os seus sentimentos de solidão ou isolamento foram aumentando na medida em que suas carreiras progrediram. Quando comparados com as mulheres, os homens que ocupam cargos de nível sênior são mais propensos a dizerem que a solidão e o isolamento diminuem à medida em que eles avançam em suas carreiras.
Os desafios de equilibrar vida pessoal e profissional também têm cobrado um alto preço das mulheres. Dois terços das executivas de nível sênior disseram que o trabalho, combinado com as responsabilidades em casa, as deixaram se sentindo esgotadas, com burnout e estressadas.
Toda essa pressão também impacta o plano de carreira das profissionais. 53% das entrevistadas já negaram um trabalho ou uma promoção ou pediram demissão por causa do impacto negativo do trabalho na sua vida pessoal.
“Nós, geralmente, achamos que a solidão e o sucesso andam juntos — a ideia do lobo solitário carregando todo o peso das suas decisões sozinho. Mas, para as mulheres, isso não é algo favorável ao seu sucesso. Elas se sentem invisíveis, sem apoio e como se não pudessem ser autênticas no trabalho”, explicou, em entrevista à Fortune, a CEO da TheLi.st, Ann Shoket.
“Há toda uma geração de mulheres olhando para aquelas que estão à sua frente na carreira e percebendo o que elas tiveram que sacrificar, vendo o quanto elas tiveram que se sacrificar e pensando ‘não, obrigada. Eu me coloco fora dessa’, completou.
Uma outra pesquisa, feita pela agência de recrutamento Challenger, Gray & Christmas, apontou que 167 pessoas deixaram seus cargos de CEO em fevereiro de 2023, o que representa um aumento de 11% no número de líderes que o fizeram um ano antes.
Um estudo feito pela McKinsey & Company e pela Lean In descobriu que as mulheres que deixam cargos de liderança geralmente o fazem porque estão mais propensas a ter maiores impactos na vida pessoal que os homens, uma vez que elas trabalham mais e são menos reconhecidas.
As entrevistadas apontaram que gostariam de uma cultura organizacional que fosse mais flexível e diversa. O estudo mostrou que apenas uma em quatro profissionais no C-level são mulheres e que apenas uma em 20 são mulheres não-brancas.
Os dados levantados pela TheLi.st também mostraram que a solidão é ainda maior entre as mulheres negras, cujo isolamento também é estimulado pela falta de respeito. Apenas uma a cada cinco mulheres negras dizem se sentir respeitadas no trabalho, comparado com um terço das mulheres brancas.
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