Número de mulheres na liderança não voltou ao índice pré-pandemia

Segundo estudo publicado pela IBM, número de mulheres na liderança em cargos de vice-presidente sênior é de 14%, contra 18% em 2021

A equidade de gênero no mercado de trabalho está longe de ser alcançada, segundo o que aponta a pesquisa “Mulheres na liderança: por que a percepção supera os números – e o que fazer a respeito”, feita pela IBM. Foram entrevistados 2.500 profissionais de 12 países, incluindo o Brasil. 

O estudo mapeou o número de mulheres nas empresas em cada nível hierárquico e constatou que a presença delas em cargos de liderança ainda não recuperou os níveis de antes da pandemia. Atualmente, elas são 14% entre os cargos de vice-presidente sênior (o índice era de 18% em 2019) e 16% em cargos de vice-presidente no mundo (eram 19% em 2019).

Por outro lado, a pesquisa encontrou um pequeno aumento no número de mulheres no C-level e nos Conselhos, agora com 12% em ambos. O índice também cresceu um pouco nos cargos mais baixos, como profissionais juniores e especialistas, sendo agora de 41% no Brasil, contra 37% em 2019. 

Embora o cenário não seja favorável às mulheres, o estudo aponta que há uma ilusória sensação de otimismo: os brasileiros acreditam que o seu setor vivenciará a equidade de gênero na liderança em oito anos ou menos. O que vai de encontro aos dados encontrados sobre a situação atual das mulheres no país. 

Parte dessa desigualdade pode ser explicada pelos critérios de promoções nas empresas e pela carência de programas de inclusão focados em gênero. Segundo a pesquisa, as habilidades necessárias para a liderança diferem entre homens e mulheres. 

Para eles, são: criatividade, orientação a resultados, assertividade, ousadia, poder de decisão e coragem. Já para elas, é esperado que sejam estratégicas, visionárias e negociadoras habilidosas. 

Em relação aos investimentos das empresas em diversidade e inclusão, apenas 45% das organizações no Brasil dizem ter promovido a inclusão de mulheres em cargos de liderança como uma prioridade nas estratégias de crescimento. 

Para Stephanie Stolfo, líder de diversidade e inclusão para a IBM América Latina, o estudo mostra que as organizações precisam priorizar formalmente o avanço das mulheres – e todos os grupos historicamente sub-representados – e tomar medidas específicas para desafiar o viés inconsciente. “Não basta apenas criar programas de diversidade sem colocar em prática políticas de implementação e continuação destas ações. Desafiar barreiras e o pensamento limitante é fundamental para promovermos crescimento social e econômico”, disse ela em nota à imprensa.

O fator mãe

Um dos principais fatores que dificulta a ascensão das mulheres a cargos de liderança e a sua permanência no mercado de trabalho é a maternidade. De acordo com os dados obtidos pela IBM, 30% das mulheres dizem que irão deixar os seus trabalhos temporariamente nos próximos 12 meses para cuidar de sua família. 

Uma outra pesquisa recente, feita pela Opinion Box, reforça esses dados. Entre as entrevistadas, 38% disseram que já perderam uma oportunidade de trabalho por serem mães e 13% por estarem grávidas.

As barreiras, segundo a pesquisa, já começam antes mesmo da contratação: 60% das mulheres já foram perguntadas se são mães em uma entrevista e 40% se estão grávidas ou se pretendem engravidar. 

Para começar a endereçar essas desigualdades entre gêneros, o estudo da IBM propõe ações para a gestão de pessoas e a diretoria das empresas:

  1. Reformule a promoção da liderança feminina direcionada aos resultados nos negócios;
  2. Crie metas e medidas estratégicas no plano de ações da empresa, para mensurar o avanço das mulheres;
  3. Estabeleça um plano de ação focado em impulsionar a equidade de gênero em toda a liderança e que vá além do treinamento e da conscientização;
  4. Redesenhe funções na liderança que se baseiam apenas nos melhores talentos e não no gênero.

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