Lab Fantasma, Hospital Sírio-Libanês e Dengo criaram projetos de recrutamento que visam a diversidade, driblar vieses inconscientes e garantir conexão de valores entre candidatos e empresas
Na área de atração e seleção, recrutar profissionais que tenham valores alinhados à empresa é um dos principais pontos para garantir a perenidade da cultura organizacional. Mas, na prática, esse processo pode ser desafiador, principalmente, quando a diversidade e a inclusão fazem parte dos valores da companhia.
O tema é de grande relevância para as empresas e as inscritas no Prêmio Think Work Flash Innovations 2023 nos ajudam a enxergar esse ponto. Para 75% delas, a avaliação de valores e a cultura organizacional são um dos principais requisitos analisados durante o processo seletivo. Ainda, 45% das inscritas acreditam que o compartilhamento de valores entre empresa e candidato é o principal fator de atração da organização.
Para te mostrar como as organizações têm feito isso na prática, selecionamos três cases de empresas que criaram projetos de recrutamento direcionado para aumentar a diversidade e a conexão de valores com os candidatos.
Lab Fantasma queria alinhamento de valores com candidatos
A empresa do ramo musical, cultura e de moda, Lab Fantasma, tentou, por anos, buscar profissionais com valores, experiências de vida e visões próximas às de seus fundadores. Para isso, eles usaram inteligência artificial e contrataram empresa especializada em recrutamento, mas, ainda assim, ao fim do processo, a diversidade não aparecia.
Foi então que eles criaram o Lab Recruta, um programa feito para eliminar os vieses discriminatórios bastante comuns aos processos de recrutamento. Para isso, toda a seleção foi feita às cegas: informações como fotos, endereço e faculdades cursadas são ocultadas durante as etapas práticas, de testes, de cases e de entrevistas. Somente na última fase, de entrevista online, o rosto do candidato aparece.
Para tornar o processo mais inclusivo, foram implementadas também ferramentas de audiodescrição e libras.
Desde a primeira vez em que foi implementado, a empresa já percebeu os resultados positivos do projeto, que são traduzidos em uma equipe mais diversa, o que, por sua vez, ajudou na solução de problemas complexos. Por pesquisas internas, a empresa também identificou que a força de trabalho considera a identificação com os fatores da Lab Fantasma um dos principais fatores de retenção de talentos.
Recrutamento às cegas no Sírio-Libanês
O Hospital Sírio-Libanês também passou por um desafio parecido. A empresa queria contar com mais diversidade nas suas contratações, mas, para isso, identificou que precisaria driblar os vieses inconscientes, aquelas crenças que, ainda que a gente não perceba, fazem com que a gente tome certas decisões.
Para isso, a empresa criou o “Processo Seletivo Anônimo”. Com a ajuda da plataforma online Jobecam, os entrevistadores da empresa não conseguem saber quem é o candidato até a fase final do recrutamento.
Durante o processo, a plataforma modifica as vozes e imagens das pessoas, ocultando características que poderiam interferir na escolha de quem for contratado, como raça, gênero e idade. A liderança tem acesso apenas às informações que realmente fazem sentido para o processo de escolha, como a experiência da pessoa, as suas habilidades técnicas e soft skills.
Desde a criação do projeto, 21 vagas foram preenchidas com a metodologia. Entre elas, 90% dos contratados são mulheres, 51% pessoas negras, 30% pessoas LGBTI+ e 10% pessoas acima dos 50 anos.
Dengo foca em recrutar pessoas acima dos 50 anos
A Dengo, empresa brasileira de cacau e chocolate, queria melhorar a experiência do cliente na loja física, por meio de um atendimento mais humanizado e acolhedor. Para isso, a empresa criou o projeto “Diversidade Geracional na Melhoria da Experiência de Clientes”.
Através dele, são qualificadas e contratadas pessoas acima dos 50 anos para trabalhar, durante períodos sazonais, nas lojas da marca. O foco é em oferecer oportunidades para um segundo momento de carreira dessas pessoas, então as vagas não funcionam como regimes mais tradicionais. Geralmente, elas possuem carga horária reduzida e mais flexível.
O projeto é feito em parceria com a Labora, startup de recursos humanos com foco na contratação de profissionais com mais de 50 anos. Ele acontece durante os períodos do ano em que o fluxo nas lojas físicas aumentam, como Natal e Páscoa.
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