Tulsa Remote paga 10 mil dólares para que trabalhadores remotos se mudem para a cidade de Tulsa, nos Estados Unidos 

Há quatro anos, a cidade de Tulsa, nos Estados Unidos, criou o que ficou conhecido como um dos mais relevantes programas de trabalho remoto do mundo, o Tulsa Remote. Com cerca de 2 mil pessoas contempladas, a iniciativa tem se mostrado benéfica tanto para os trabalhadores quanto para a cidade, como mostra um estudo recente sobre o programa.

A ideia principal do Tulsa Remote é atrair trabalhadores remotos que queiram poupar dinheiro, uma vez que a cidade, localizada no estado de Oklahoma, tem um custo de vida menor do que outras do mesmo porte nos Estados Unidos. Como parte da estratégia de atração, a patrocinadora George Kaiser Family Foundation (GKFF) paga 10 mil dólares aos profissionais aprovados.

Para a cidade, os benefícios começam com o crescimento populacional, que tem sido lento nos últimos anos. Ao ganhar novos residentes, Tulsa consegue atrair mais renda, gerar mais empregos presenciais para quem já é morador e, futuramente, até criar um polo mais robusto de conhecimento. 

Um estudo feito pelo think tank Economic Innovation Group elencou três principais benefícios sobre o programa: os trabalhadores que se mudaram para Tulsa têm uma maior chance de permanecer na sua nova comunidade a médio e longo prazo; eles possuem maior engajamento comunitário e têm um padrão de vida mais alto.

Em relação aos benefícios diretos para a cidade, o estudo estima que, para cada dois trabalhadores remotos que se mudaram para Tulsa, um novo emprego em tempo integral foi criado. Outro ponto importante é que o estudo também descobriu que cada dólar gasto com o programa gera 13 dólares para os cofres locais.

Em entrevista à Harvard Business Review, o pesquisador e analista do Economic Innovation Group, Daniel Newman, chama a atenção para os aspectos positivos do programa: “É uma intervenção com ótimo custo-benefício em relação a outras ferramentas de desenvolvimento”. 

Algumas dessas conclusões também foram apontadas pelo professor da Harvard Business School e especialista em trabalho remoto, Prithwiraj Choudhury. Em uma pesquisa sobre o Tulsa Remote, ele descobriu que os participantes do programa têm uma renda real maior do que tinham antes da mudança, sem perceberem nenhuma diminuição na produtividade. Um dos fatores que pode explicar esse ponto são as moradias mais baratas oferecidas pela cidade. 

O programa, que não é o único do tipo no mundo, se beneficiou bastante com a onda de trabalho remoto vinda com a pandemia da covid-19. Mas ainda pode ter um grande desafio no pós-pandemia, em que há um movimento de empresas estipulando a volta ao trabalho presencial, sem flexibilidade, mesmo com a discordância de parte dos trabalhadores.