Em busca de companhia, profissionais transmitem suas rotinas ao vivo

Trabalhadores usam redes sociais para transmitir ao vivo suas rotinas enquanto trabalham; “body double” pode ajudar na produtividade, segundo especialistas 

Ficar diante do seu computador e trabalhar com a companhia de outras pessoas pode ser uma atividade bastante simples se o profissional atua presencialmente ou até mesmo em um coworking ou café. Mas, quando o trabalho é em home office, ter alguma companhia pode ser um desafio, principalmente para quem mora sozinho.

Para driblar esse tipo de situação, surgiu uma nova tendência: o “body double” (corpo duplicado, em português). A técnica consiste em fazer o seu trabalho na presença de outras pessoas. No regime presencial, se faz isso no mesmo ambiente, mas, no online, ele tem acontecido em transmissões ao vivo, principalmente no TikTok e na Twitch. 

A tendência se tornou mais conhecida durante a pandemia, como uma forma de melhorar a saúde mental, evitando a solidão e a ansiedade provocadas pelo isolamento social. Mas o método também é bastante utilizado por pessoas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), uma vez que a presença de outros enquanto uma pessoa realiza uma atividade pode motivá-la a concluir as tarefas. 

“Muitas pessoas com transtorno do déficit de atenção vão dizer ‘eu tenho bastante dificuldade para iniciar uma tarefa se eu estou fazendo isso sozinho, mas se eu sei que alguém está confiando em mim, se alguém está esperando por mim para a gente caminhar, eu fico mais disposto a ir porque eu não quero decepcionar essa pessoa'”, explicou à CNN Health o diretor clínico da Focused Mind ADHD Counseling, Billy Roberts. 

“A ideia é que a presença de outra pessoa funciona essencialmente como uma lembrança gentil para ficar focado na tarefa”, completa. 

Um dos canais que ficaram famosos ao fazer “body double” no TikTok é o de Nicole Onya, de 24 anos. Durante cinco horas, todos os dias da semana, ela faz transmissões ao vivo enquanto trabalha como analista de dados. 

Suas transmissões, geralmente, começam uma hora depois que ela inicia o seu turno de trabalho, e misturam momentos em que ela atua ouvindo uma música ambiente e intervalos nos quais ela responde perguntas deixadas pelos seguidores, que, na maioria das vezes, também estão trabalhando. 

Para Nicole, a tendência apareceu como uma solução para o fato de que ela gosta de trabalhar no escritório, que fica a uma hora de distância da sua casa. 

Em entrevista à Fortune, ela disse que essa é uma forma de utilizar a pressão social para fazer as suas tarefas e que conversar com outras pessoas online também a ajudou a se tornar mais confiante em outras áreas de sua carreira, como em apresentações orais. 

A tendência também fez com que surgissem empresas especializadas na técnica, como as norte-americanas Flown, Focusmate e Flow Club. Por uma tarifa mensal, o trabalhador tem acesso a salas com outras pessoas trabalhando. 

“Se você observa uma tela cheia de pessoas focadas e trabalhando, é muito mais fácil para que o seu sistema nervoso se acalme e quase que subconscientemente aja como um espelho desses comportamentos positivos”, disse à Fortune a CEO da Flown, Alicia Navarro. 

Um estudo feito pela Universidade de East London com 101 membros da empresa descobriu que para 96% das pessoas o “body double” teve um grande impacto no foco e para 94%, na produtividade. 

Embora seja uma técnica antiga, mas repaginada pela tecnologia, o assunto ainda é novo e resta saber como os empregadores e a gestão de pessoas vão reagir e, ainda, quais serão os incentivos para que seus funcionários adotem ou não a tendência.

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