Em painel do SXSW, especialistas defendem que não há dados que comprovam que ir ao escritório três dias na semana é uma boa prática; solução para trabalho híbrido está em ouvir funcionários
Qual é a fórmula perfeita para calcular os dias de ir ao escritório no modelo de trabalho híbrido? São dois dias em casa e três na empresa? Ou o contrário? Segundo especialistas no assunto, não existe um número mágico e os empregadores estão entendendo tudo errado quando estipulam, de forma padronizada, a semana de três dias presenciais.
O tema foi debatido na última semana em um painel do South by Southwest, em Austin, nos Estados Unidos. Para o CEO da Great Place to Work, Michael Bush, estipular que os funcionários devem ir ao escritório três vezes na semana está longe de ser uma boa prática.
“Por que três dias? Por que não quatro? Por que não dois? Muitos chefes escolhem os três dias como se fossem um número mágico, mas não são. Você precisa ter boas razões pelas quais ir três dias na semana é importante”, disse.
A justificativa usada por muitas empresas, segundo Michael, é a de que a convivência automaticamente melhora a colaboração, mas o CEO garante que não há dados que confirmem isso, “uma vez que tivemos muita inovação mesmo com as pessoas não estando juntas nos últimos três anos”.
Para ele, a verdadeira razão por trás costuma ser a necessidade de controle que muitas lideranças possuem, mas que não assumem porque sabem que não há espaço para esse tipo de comportamento no mercado.
“A única coisa que você não diz é que você quer todo mundo de volta porque isso faz com que você se sinta bem. Isso é um grande risco para a atração e retenção de talentos. Quem trabalha para esse tipo de líder já está atualizando o seu perfil no LinkedIn”, disse.
De acordo com o CEO, a solução para definir o melhor modelo de trabalho híbrido é que cada líder ouça melhor seus funcionários, através de grupos focais, conversas, reuniões individuais, pesquisas ou até mesmo testes.
O trabalho remoto ainda está longe de ser bom
Outro tema apresentado no painel foi em relação à qualidade do home office e do modelo híbrido que as empresas possuem hoje em dia. Segundo Jessica Reeder, diretora da Upwork, o trabalho flexível que temos hoje está longe de se parecer com o que o futuro do trabalho remoto e híbrido será.
Para Jessica, não há nenhuma boa prática de trabalho remoto sendo exercida atualmente, pois ainda estamos aprendendo. Ela defende que, durante a pandemia, não podíamos considerar que o que estávamos fazendo era trabalho remoto, porque estávamos apenas trabalhando durante uma crise, em um configuração remota.
“Neste caso, estávamos fazendo funcionar porque tínhamos que fazê-lo. Mas o trabalho a longo prazo de fazer com que as políticas e práticas realmente mantenham as pessoas felizes, trabalhando em nossa empresa, sem procurar por outro emprego e sendo produtivas é um longo processo”, disse.
Assim como a conclusão feita por Michael, Jessica também aponta que um dos grandes desafios para as empresas é ouvir, observar e entender o que não está funcionando.
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